Dobesilato de Cálcio não deve ser utilizado em pacientes com hipersensibilidade ao Dobesilato de Cálcio ou a qualquer um dos constituintes da formulação do produto.
As cápsulas de Dobesilato de Cálcio devem ser administradas por via oral e não devem ser partidas, abertas ou mastigadas.
A dosagem atualmente aprovada, de 500 a 2.000 mg/dia ou 1 a 4 cápsulas/dia, depende da doença e é baseada nos resultados dos mais recentes estudos clínicos.
Na retinopatia diabética
- Uma dose de 500 mg (1 cápsula) três vezes ao dia (8/8 horas) ou de 1.000 mg (2 cápsulas) duas vezes ao dia (12/12 horas), levando a concentrações plasmáticas que variam de 13 a 33 µg/ml (correspondentes, ao nadir e ao pico no estado de equilíbrio dinâmico, respectivamente). No tratamento da retinopatia diabética os efeitos benéficos levam algum tempo até serem detectáveis. A duração do tratamento varia de caso a caso e deve ficar a critério do médico prescritor.
Na insuficiência venosa crônica
- A dose recomendada é de 500 mg (1 cápsula) três vezes ao dia (8/8 horas), levando a concentrações plasmáticas médias que oscilam entre 11 e 19 µg/ml (correspondentes ao nadir e ao pico no estado de equilíbrio dinâmico, respectivamente). A duração do tratamento está diretamente ligada à melhora dos sintomas e deve ficar a critério do médico prescritor.
Este medicamento não deve ser partido, aberto ou mastigado.
O Dobesilato de Cálcio foi bem tolerado nos estudos clínicos e as reações adversas são normalmente reversíveis com a interrupção do tratamento.
As seguintes reações adversas foram relatadas com o uso do medicamento
Reação comum (> 1/100 e < 1/10)
- Distúrbios gastrintestinais: dor abdominal, diarreia, náusea e vômito;
- Distúrbios do sistema nervoso: cefaleia;
- Distúrbios do tecido musculoesquelético: artralgia, mialgia;
- Investigações: aumento da alanina aminotransferase.
Reação incomum (> 1/1000 e < 1/100)
- Distúrbios gerais e anormalidade no local da administração: pirexia, calafrios, astenia e fadiga;
- Distúrbios do sistema imunológico: reações de hipersensibilidade que incluem rash, dermatite alérgica, prurido, urticária, edema na face.
Reação muito rara (< 1/10.000)
- Distúrbios do sistema imunológico: reação anafilática.
Reações adversas observadas no período pós-comercialização
- Distúrbios do sistema linfático e sanguíneo: agranulocitose, neutropenia e leucopenia.
Achados laboratoriais
Foram reportados casos de diminuição na contagem dos glóbulos brancos e aumento da alanina aminotransferase. Os estudos também mostraram uma pequena, mas significante, redução dos níveis de ácido úrico tanto na administração a curto quanto a longo prazo do medicamento.
Em caso de desordens intestinais, reduzir a dose ou interromper temporariamente o tratamento.
Atenção: Este produto é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos.
Em casos de eventos adversos, notifique pelo Sistema VigiMed, disponível no Portal da Anvisa.
As manifestações clínicas de uma possível superdose não são conhecidas até o momento. Não há dados sugerindo um potencial para dependência, fenômeno de rebote ou abuso.
Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.
Nenhuma interação medicamentosa é conhecida, até o momento. No entanto, devido ao suposto mecanismo de ação do dobesilato de cálcio, deve-se ter cautela na sua administração concomitante com outros antiagregantes plaquetários (ácido acetilsalicílico, dipiridamol, ticlopidina), anticoagulantes orais (dicumarínicos) e/ou anticoagulantes sistêmicos (heparina), assim como com anti-inflamatórios nãoesteroides.
Interferência em exames laboratoriais
Em doses terapêuticas, o dobesilato de cálcio pode interferir nos resultados dos exames de creatinina, evidenciando valores inferiores aos esperados.
Para diminuir qualquer possível interação do medicamento com exames laboratoriais, durante o tratamento com dobesilato de cálcio, os exames de sangue deverão ser realizados antes da primeira administração do medicamento no dia.
A dosagem administrada deverá ser reduzida em caso de insuficiência renal severa que necessita de diálise, embora não tenha sido em que extensão as desordens da função renal influenciam as propriedades farmacocinéticas do Dobesilato de Cálcio.
Raramente foram observados casos de agranulocitose, cujos sintomas podem incluir febre alta, amidalite, dor de garganta, inflamação anogenital e outros sintomas comuns de infecção. O tratamento deve ser interrompido se qualquer um destes sintomas aparecer e um hemograma completo e leucograma deverá ser avaliado.
O Dobesilato de Cálcio pode causar reações alérgicas graves como choque anafilático. Por isso, o tratamento deve ser descontinuado no caso de aparecimento de reações alérgicas.
Pediatria
A eficácia e segurança do produto Dobesilato de Cálcio não foram estabelecidas em crianças.
Geriatria
As doses e cuidados para pacientes idosos são as mesmas recomendadas para os adultos.
Pacientes com insuficiência hepática
A segurança e eficácia do Dobesilato de Cálcio em pacientes com insuficiência hepática não foi investigada, por isso, deve-se ter cautela no uso do medicamento.
Efeitos na capacidade de dirigir veículos e operar máquinas
Dobesilato de Cálcio é considerado seguro e com baixa probabilidade de produzir um efeito sedativo.
Gravidez
Em estudos com animais, o Dobesilato de Cálcio demonstrou não exercer efeitos tóxicos sobre a função reprodutiva, tendo sido investigadas várias vias de administração e diferentes níveis de dose em duas espécies animais, o rato e o coelho.
Os dados clínicos sobre o uso do Dobesilato de Cálcio em mulheres grávidas são limitados. Como precaução, é preferível evitar o uso do Dobesilato de Cálcio durante a gravidez.
Amamentação
O Dobesilato de Cálcio é excretado em pequenas quantidades no leite materno, assim o uso do medicamento não é recomendado durante a amamentação. Como precaução, ou a amamentação ou o tratamento deverá ser interrompido.
O Dobesilato de Cálcio está classificado na Categoria B de risco na gravidez.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.
Resultados de Eficácia
Retinopatia diabética
Retinopatia diabética precoce é um diagnóstico baseado em exames oftalmológicos o qual, embora assintomático, envolve o risco de evoluir para edema macular clinicamente significativo (CSME), retinopatia proliferativa e, em casos mais avançados e sem tratamento, eventualmente a cegueira.
O estudo de Kampik (Kampik A. Double-blind, Placebo controlled study of Calcium Dobesilate in the treatment of mild to moderate diabetic retinopathy (Caldiret). Clinical study report) forneceu dados sobre a eficácia do Dobesilato de Cálcio na redução do risco de desenvolvimento de um edema macular clinicamente significativo (CSME), em uma população de pacientes com retinopatia diabética não proliferativa leve a moderada e leve albuminúria. A estratificação da população estudada levou em conta a dependência da insulina e o controle do diabetes através da dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c abaixo ou acima de 9%). Este estudo foi realizado em um grande número de centros (n=41 em 11 países) e 635 pacientes participaram do estudo. A dependência da insulina não teve influência sobre os resultados, mas o pobre controle diabético (HbA1c igual ou acima de 9%) causou um maior risco de desenvolvimento de CSME. A fim de eliminar a diferença na distribuição de sexos, os resultados foram reanalisados por sexo e adequação do controle metabólico. Esta análise mostrou que o uso do Dobesilato de Cálcio levou a uma significativa redução do risco de CSME nas pacientes femininas com pobre controle metabólico, a qual foi consolidada após a eliminação dos centros menores que contribuíram com menos que 15 pacientes. Nesta análise, a probabilidade de um CSME foi reduzida de 58,3% para 31,7% com o uso do Dobesilato de Cálcio (p=0,011). Os resultados de uma análise exploratória por variáveis potencialmente preditivas mostraram que o tratamento com Dobesilato de Cálcio reduz significativamente o risco de CSME pela metade (de 57% com placebo para 25,6% com Dobesilato de Cálcio, em pacientes com HbA1c e pressão arterial sistólica aumentadas. Pacientes com diabetes estável (tratada com insulina) e valores de HbA1c e/ou pressão arterial sistólica aumentados, correspondiam a uma estimativa de 10%-24% da população estudada. Nos pacientes tratados com insulina, os níveis de ambos os previsores, HbA1c e pressão arterial sistólica, independentemente aumentam a probabilidade de um CSME nos pacientes tratados com placebo, mas não nos pacientes tratados com Dobesilato de Cálcio, levando por isso a diferenças maiores entre os tratamentos, em favor do Dobesilato de Cálcio, quando ambos são aumentados. A ação do Dobesilato de Cálcio é independente de outras variáveis importantes, tais como controle diabético, tratamento antidiabético, embora aparentemente com efeito benéfico mais evidente em pacientes com baixo controle metabólico.
Outro estudo (Cunha – Vaz J.G. Multicentre, double-blind, placebo-contolled, parallel group phase III study of the effect of oral cacium dobesalite (2g daily) on the permeability of the blood-retinal barrier in early diabetic retinopathy – Clinical study report- Supplement II to clinical study report Final report. June 2006) observou que em relação a hemorragias retinianas e nos números de aneurismas na retina o uso de Dobesilato de Cálcio por 18 a 24 meses levou a atenuação destas patologias em pacientes diabéticos.
Insuficiência venosa crônica
A doença venosa crônica ou insuficiência venosa é uma condição na qual as veias não retornam o sangue de maneira eficiente, das partes baixas das pernas de volta ao coração. Insuficiência venosa pode envolver uma ou mais veias. As válvulas nas veias canalizam o fluxo de sangue em direção ao coração.
Quando estas válvulas são danificadas, o sangue extravasa e se acumula nas pernas e pés.
Em um grande ensaio com pacientes (Labs K-H., Degischer S., Gamba G., Jaeger K.A. Effectiveness and safety of calcium dobesilate in treating chronic venous insufficiency: randomized,double-blind, placebo-controlled trial. Phlebology, Vol. 19, No. 3 2004, 123) com CVI (Insuficiência Venosa Crônica) objetivamente definida, estágios CEAP 3-5, mostrou o benefício do Dobesilato de Cálcio na CVI. A análise cumulativa mostra que as avaliações globais da eficácia favoreceram o tratamento ativo. Além disso, neste ensaio a avaliação de melhora na Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (HRQoL, escore CIVIQ específico da doença) foi significativamente positiva no grupo de tratamento com Dobesilato de Cálcio, nos quesitos de ‘subescore de dor’ e do ‘subescore físico’.
Corroborando a eficácia do Dobesilato de Cálcio outro ensaio clínico consistentemente mostrou um maior benefício do uso deste medicamento em pacientes com CVI de posição ereta prolongada (Widmer L., Biland L., Barras J.P. Doxium® 500 in chronic venous insufficiency: a double-blind placebo-controlled multicentre study. International angiology, Vol. 9, No. 2, pp. 105-110, April-June 1990).
Características Farmacológicas
O Dobesilato de Cálcio age sobre a parede capilar melhorando a permeabilidade aumentada e a resistência reduzida. Ele aumenta a flexibilidade dos eritrócitos, inibe a hiperagregação plaquetária e reduz a hiperviscosidade do sangue e do plasma, melhorando dessa maneira as propriedades reológicas do sangue e a irrigação tissular. O Dobesilato de Cálcio reduz a formação de edemas e atua sobre no endotélio, exercendo atividade antioxidante, anti-apoptose e anti-neoangiogênica.
Farmacocinética
A farmacocinética não é afetada por fatores intrínsecos (por exemplo, idade, sexo, raça, insuficiência renal e hepática) ou por fatores extrínsecos (por exemplo, tabagismo, fármacos concomitantes, dieta).
Nenhuma interação farmacocinética com outros fármacos foi descrita até o momento.
O Dobesilato de Cálcio é completamente absorvido após administração oral; o Tmax médio está entre 2 e 6 horas, com um Cmax dose-dependente de 11,3 ±3,91 µg/ml após uma dose de 500 mg.
A taxa de ligação proteica é de 20-25% e o Dobesilato de Cálcio é excretado principalmente inalterado, com uma proporção de somente 10% sendo excretada como metabólitos. O volume de distribuição, com base nos dados de Cmax, pode ser estimado como sendo menor que 0,6 l/kg de peso corporal (de forma consistente, os dados “in vitro” sugerem que o Dobesilato de Cálcio penetra lentamente nas células ou que se equilibra em baixas concentrações intracelulares, sugerindo um sítio ativo na membrana celular). A meia-vida plasmática é de aproximadamente 4,3 ±1,4 horas, com uma cinética linear de 1º grau; o percentual de acúmulo é correspondentemente pequeno, e o estado de equilíbrio dinâmico é atingido no dia 2.
Não há questões relevantes relacionadas a vias metabólicas específicas, à formação de metabólitos ativos e inativos ou à excreção. Não há dados disponíveis sobre o início de ação do fármaco.