Arginina + Citrulina + Ornitina: bula, para que serve e como usar

Arginina + Citrulina + Ornitina não deve ser utilizado por pacientes com hipersensibilidade a qualquer componente da formulação, insuficiência renal crônica, acidose metabólica e respiratória.

Este medicamento é contraindicado para crianças.

Via oral.

Os comprimidos devem ser ingeridos sem mastigar, com líquido suficiente para engolir.

A posologia é de 2 a 4 comprimidos de Arginina + Citrulina + Ornitina ao dia, ou a critério médico. Não devendo ultrapassar 4 comprimidos ao dia.

Este medicamento não deve ser partido ou mastigado.

Arginina + Citrulina + Ornitina pode ocasionar flatulência que tende a desaparecer após o décimo dia de tratamento.

Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária – NOTIVISA, disponível em www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.

Não são conhecidas até o presente momento.

Não há estudos dos efeitos de Arginina + Citrulina + Ornitina administrado por vias não recomendadas, portanto, para segurança e eficácia do produto, utilize o medicamento pela via oral.

Não foram efetuados estudos com Arginina + Citrulina + Ornitina sobre a habilidade de dirigir ou operar máquinas.

Não são conhecidas quaisquer restrições ao uso de Arginina + Citrulina + Ornitina juntamente com alimentos. Arginina + Citrulina + Ornitina pode ser usado por pessoas acima de 65 anos de idade.

Informar ao médico se está amamentando.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. (Categoria de risco na gravidez: categoria C).

Características Farmacológicas


Arginina

Arginina é um aminoácido básico. Sendo o principal carreador de amônia em humanos e animais. É precursora da síntese de moléculas com grande importância biológica como ornitina, poliaminas, óxido nítrico, creatina, agmatina, glutamina, prolina, dentre outras.

Em adultos, 40% da arginina ingerida é degradada pelo intestino delgado, na primeira etapa do metabolismo, em citrulina. Esta é convertida, de novo, em L-arginina, nos rins e, então, liberada para a corrente sanguínea, que a faz chegar ao fígado, onde é metabolizada pela arginase I, enzima do ciclo da ureia. O resultado é a ornitina, que gerará poliaminas (importantes como estímulo trófico e proliferação celular) e também prolina (fundamental na síntese de colágeno e na cicatrização). Por outro lado, a arginase tipo II, presente nas mitocôndrias, em geral, em tecidos extra-hepático, metaboliza a arginina no lúmen intestinal.

A arginina também é utilizada na síntese de creatina, convertida em creatina fosfato, fundamental para o estoque muscular, e importante substrato do metabolismo energético. Em certas condições clínicas, como após trauma grave e sépsis, a necessidade de arginina supera a produção corporal. Nessas situações a arginina possui importante papel na manutenção da resposta imunológica, processos inflamatórios, síntese de colágeno na cicatrização de feridas, e outras adaptações fisiopatológicas.

A arginina pode ser absorvida diretamente ou transformada em ornitina e citrulina. A arginina absorvida diretamente vai para o ciclo da ureia. A citrulina é transportada para os rins, onde é substrato da neosíntese de arginina. Em algumas células, como macrófagos, a citrulina é transformada em arginina.

Aspartato de ornitina

O aspartato de ornitina estimula o ciclo da ureia no fígado, por meio do qual a amônia é metabolizada em ureia, assim como a síntese de glutamina no fígado, nos músculos e no cérebro.

A síntese de ureia se dá nos hepatócitos periportais. Nestas células, a ornitina serve tanto como ativador da enzima carbomoil-fosfato-sintase, como substrato na síntese de ureia. A síntese de glutamina é localizada nos hepatócitos perivenosos. Especialmente em condições patológicas, aspartatos e outros dicarboxilatos, incluindo produtos do metabolismo da ornitina, são absorvidos nessas células e usados na ligação da amônia na forma de glutamina.

A suplementação de ornitina atenua a fadiga muscular.

Citrulina

A citrulina é convertida no organismo em arginina, precursora do óxido nítrico, que tem ação vasodilatadora.

A citrulina também faz parte da estrutura proteica, como a proteína básica de mielina, da filagrina e das histonas, por exemplo.

Também atua no ciclo da ureia.

Os aminoácidos, além de serem biomoléculas constituintes de proteínas e peptídeos em todos os organismos vivos, contribuem, através de sua oxidação, com o fornecimento de 10 a 15% da energia total necessária, para que as células desempenhem adequadamente suas funções. Essa degradação oxidativa se dá principalmente durante a renovação ativa das proteínas estruturais, quando há excessiva ingestão de aminoácidos, durante o jejum e exercícios físicos e na diabetes mellitus. Uma vez eliminado o grupo amino, são formados os alfa-cetoácidos, cuja oxidação a gás carbônico e água, no ciclo de Krebs, produz ATP, molécula que contém energia utilizável pela célula. O outro metabólito produzido por essas reações é a amônia, molécula altamente tóxica para inúmeros tecidos. A remoção da amônia dos tecidos periféricos é realizada através de sua coleta pelo sangue, com posterior remoção pelo fígado. Este órgão transforma a amônia em ureia, composto solúvel, 40 vezes menos tóxico, excretado pela urina. O ciclo metabólico responsável pela transformação de amônia em ureia chama-se ciclo de Krebs-Henseleit ou ciclo da ureia. Durante o ciclo, a ornitina capta uma molécula de amônia do sangue e se transforma em citrulina, que por sua vez retira mais uma molécula de amônia do sangue, transformando-se em arginina.

A molécula de arginina desdobra-se em ureia e ornitina, sendo a primeira excretada pelo rim e a segunda reiniciadora do ciclo. Ao mesmo tempo em que se processa a captação de amônia do sangue, é retirado também, gás carbônico (CO2), na forma de ácido carbônico. Estudos experimentais em ratos intoxicados agudamente com amônia, demonstraram a eficácia de Arginina + Citrulina + Ornitina. Quanto maior for a capacidade de detoxicação hepática e o aporte de amônia circulante, maior será a formação de ureia e seu nível na corrente sanguínea. Contudo, em graves e extensas lesões hepáticas ou quando existe um excessivo aporte de amônia na corrente sanguínea, a detoxicação da amônia pode ser comprometida. Nesta última situação, a amônia, por si, interfere em várias fases do ciclo da ureia e Krebs, pela inibição de várias enzimas. Na fisiopatologia da encefalopatia hepática, participam diversos mecanismos que resultam na depleção de neurotransmissores a nível do Sistema Nervoso Central. A hiperamoniemia é um desses fatores. Para o tratamento desse desequilíbrio metabólico, a oferta de arginina, ornitina e citrulina, com a finalidade de reduzir as taxas de amônia sanguínea, se constitui de uma alternativa terapêutica. A arginina desempenha um importante papel no metabolismo muscular, pois além de ser um veículo de transporte de amônia, é precursora de creatina-fosfato, composto de grande importância na bioenergética dos músculos e nervos.

A arginina tem ainda importante função na neoglicogênese, auxiliando o consumo de ácido lático, formado durante a atividade muscular. Assim sendo, a suplementação com Arginina + Citrulina + Ornitina pode ser de extrema valia nas atividades físicas em virtude da elevada degradação de aminoácidos musculares, com acúmulo de amônia e da diminuição das reservas musculares de creatina-fosfato. Mesmo na instauração de suplementação alimentar a base de aminoácidos, deficientes em arginina e ornitina, pode-se evidenciar uma hiperamoniemia secundária.

Diversas publicações demonstraram que a L-arginina é precursora do óxido nítrico (ON), identificado como Fator Relaxante Derivado do Endotélio (EDRF), um potente vasodilatador. Além disso, a produção de ON a partir de L-arginina tem sido citada como o mecanismo de defesa primário contra microrganismos intracelulares, bem como patógenos como fungos e helmintos. Estudos mostraram que animais deficientes de arginina, perdem rapidamente o colágeno contido nos tendões, ossos, cartilagens e tecido conjuntivo. Isso pode ser explicado pelo fato da arginina ser precursora da prolina, principal aminoácido contido no colágeno, cuja síntese é estimulada por incisões na pele.

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