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Pinus pinaster: bula, para que serve e como usar

Pinus pinaster é um medicamento indicado no tratamento da fragilidade vascular e do edema dos membros inferiores, na prevenção das complicações causadas pela insuficiência venosa e na prevenção da síndrome do viajante (a imobilidade a que se vê forçado o passageiro e que o predispõe à trombose).

Hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula.

Pinus pinaster deve ser ingerido com o auxílio de uma pequena quantidade de água, durante ou após as refeições.

Posologia do Pinus pinaster


Problemas circulatórios venosos, fragilidade dos vasos e inchaço (edema)

  • Tomar um comprimido de 50 mg três vezes ao dia, via oral. O tempo de tratamento deve ser definido pelo médico.

Síndrome do viajante

  • Tomar quatro comprimidos três horas antes de embarcar, quatro comprimidos seis horas depois da primeira tomada do medicamento e dois comprimidos no dia seguinte.

Se necessário, a dose pode ser ajustada de acordo com a avaliação médica dos sintomas clínicos.

Dose máxima diária é de oito comprimidos (400 mg/dia).

Até o momento só foi relatada a seguinte reação adversa:

  • Reação rara (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento): desconforto gastrointestinal leve e transitório, podendo ser evitado administrando Pinus pinaster após as refeições.

Em casos de eventos adversos, notifique pelo Sistema Vigimed, disponível no Portal da Anvisa.

Não foram relatados sintomas de superdose até o momento. Em uma ingestão acidental de doses muito acima das preconizadas, recomenda-se a remoção da massa de Pinus pinaster do estômago.

Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações sobre como proceder.

Não há evidência científica de eventos adversos e alteração de eficácia terapêutica em caso de ingestão simultânea de Pinus pinaster com outros medicamentos.

Não há cuidados especiais quando administrado corretamente.

Idosos

Não há, até o momento, contraindicações para o uso em idosos.

Crianças

Não há dados científicos sobre o uso do extrato de Pinus pinaster Aiton no tratamento da insuficiência vascular em crianças. Este medicamento não é indicado para uso pediátrico.

Gravidez e lactação

O extrato de Pinus pinaster Aiton está classificado na categoria de risco B.

Os estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas também não há estudos controlados em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram riscos, mas que não foram confirmados em estudos controlados com mulheres grávidas.

Não há evidência científica de segurança no uso do extrato de Pinus pinaster Aiton na lactação.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.

Dados pré-clínicos de segurança

Toxidade aguda

Na administração via oral, a DL50 é 1g/kg em ratos e 4,8g/kg em cães, num período de 24h. As referidas doses são 600 vezes maiores do que a dose diária recomendada para o ser humano.

Toxidade crônica

A administração oral em ratos, em doses de 2,5-7,5 mg/kg durante três meses, e em cães, em doses de 60-500 mg/kg durante seis meses, não mostraram efeitos tóxicos. Doses de 5-50 mg/kg em porquinhos da Índia também se mostraram seguras.

Mutagenicidade

Não foi observado qualquer evento de mutagênese em experiências com bactérias, tampouco sinal de mutação e de alteração de cromossomos em filhotes de camundongos ou em estudos de mutação in vivo (teste em micronúcleo de roedores).

Reprodutibilidade

O extrato de Pinus pinaster Aiton não interferiu na fertilidade ou na capacidade geral de reprodução dos camundongos, dos ratos e dos coelhos. Doses diárias dez vezes superiores à prescrita não revelaram efeito embriotóxico e teratogênico.

Resultados de Eficácia


Um estudo¹ avaliou o uso extrato seco de Pinus pinaster Aiton na profilaxia da trombose venosa profunda (TVP) e superficial (TVS) em indivíduos com risco moderado a alto durante voos prolongados. Cento e noventa e oito pessoas completaram o estudo. Todos os pacientes realizaram ultrassonografia noventa minutos antes do voo e duas horas após o desembarque. Os pacientes do grupo tratamento receberam duas cápsulas de Pinus pinaster de 100 mg entre duas a três horas antes do vôo, duas cápsulas após seis horas e uma cápsula no dia seguinte. O grupo controle recebeu placebo nos mesmos intervalos. A duração média dos voos foi de oito horas e quinze minutos. No grupo controle houve cinco eventos trombóticos (uma TVP e quatro TVS), enquanto no grupo tratamento não ocorreu trombose, apenas um paciente apresentou flebite superficial. A análise da população ITT (intention to treat) detectou treze falhas no grupo controle (oito perdas de acompanhamento e cinco eventos trombóticos) em 105 pessoas (12,4%) versus cinco falhas (4,7%, todas por perda de acompanhamento, sem eventos trombóticos) no grupo tratamento (p<0.025). Nenhum efeito adverso foi observado. Esse estudo indica que o tratamento com Pinus pinaster foi efetivo na redução do número de eventos trombóticos (TVP e TVS) em pessoas com risco moderado a alto, durante voos prolongados.

Um estudo² clínico prospectivo, controlado com 21 pacientes avaliou a eficácia do Pinus pinaster oral em pacientes com insuficiência venosa crônica severa, microangiopatia, hipertensão venosa severa e história de úlcera venosa. Os critérios de inclusão foram refluxo venoso em veia poplítea foi demonstrado por duplex colorido e aumento da pressão venosa. Pacientes com outras doenças cardiovasculares, diabéticos, desordens articulares ou ósseas, ou qualquer outra doença sistêmica necessitando tratamento medicamentoso, pacientes com trombose recente ou com história de trombose nos últimos 24 meses foram excluídos. Os pacientes receberam Pinus pinaster 50 mg três vezes ao dia (150 mg/dia) por oito semanas. Nenhum tratamento foi utilizado nos 18 pacientes do grupo controle. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação médica do edema, dopplerfluxometria, fluxo cutâneo na posição supina e pletismografia na inclusão, em duas, quatro e oito semanas de tratamento. Em quatro semanas houve uma redução significativa (p<0.05) do fluxo cutâneo, indicando melhora da microangiopatia, decréscimo da filtração capilar, melhora dos sintomas e redução do edema nos pacientes em uso do Pinus pinaster. O medicamento mostrou boa tolerabilidade e nenhum evento adverso foi observado. Este estudo confirma a eficácia rápida do Pinus pinaster em pacientes com insuficiência venosa crônica e microangiopatia venosa. O tratamento também pode ser útil na prevenção de ulcerações.

Um estudo³ selecionou 53 indivíduos com hipertensão arterial essencial controlada, realizando dieta e restrição de sal por pelo menos seis meses e apresentando edema após tratamento com antagonistas de canal de cálcio ou inibidores da enzima conversora de angiotensina. Os indivíduos foram divididos em grupos de tratamento comparáveis na idade, sexo e outras variáveis. O tratamento com anti-hipertensivos foi mantido durante o estudo sem alterações na dose ou fármaco por pelo menos quatro meses e sem associação com nenhum outro tipo de tratamento. O período de uso de Pinus pinaster foi de seis semanas na dose de 50 mg três vezes ao dia versus dose equivalente de placebo. Ocorreu uma redução significativa (p<0.05) na permeabilidade capilar nos pacientes em uso de Pinus pinaster controlando o edema.

Três estudos de uso a longo prazo mostraram eficácia e segurança. Um estudo4 teve como objetivo comparar produtos utilizados para controlar os sintomas da IVC. Os pontos finais do estudo foram microcirculação, efeitos sobre alterações de volume e sintomas (escala analógica). Pinus pinaster, venoruton, troxerutina, complexo diosminesperidina, Antistax, Mirtoselect (mirtilo), escin e a combinação VenorutonPycnogenol (VE-PY) foram comparados com compressões. Não foram observados problemas de segurança ou tolerabilidade durante o período de 12 meses. Na inclusão, as medidas nos grupos foram comparáveis, 1.051 pacientes completaram o registro. 

Melhores desempenhos

  • Venoruton, Pinus pinaster e a combinação VE-PY produziram os melhores efeitos no fluxo cutâneo. O escore de edema diminuiu mais efetivamente com a combinação e com o Pinus pinaster. A melhor melhora nos escores dos sintomas foi obtida com o Pinus pinaster e a compressão. Observou-se uma diminuição maior no estresse oxidativo com o Pinus pinaster, Venoruton e a combinação VE-PY. As parestesias foram menos intensas com Pinus pinaster e com Antistax. Considerando a necessidade de intervenções, os melhores desempenhos foram Pinus pinaster, VE-PY e compressão.

Em um outro estudo5 Errichi e colaboradores avaliaram o uso do extrato de Pinus pinaster na prevenção da síndrome pós-trombótica em um período de 12 meses. Foram incluídos 156 pacientes, no presente estudo que, comparou a eficácia de três braços (meias de compressão, Pinus pinaster e a combinação deles). Foi avaliada a melhora do edema através de um sistema de pontuação, da circunferência do tornozelo e do volume do membro em relação ao membro contralateral saudável. O resultado do estudo mostrou que, dois novos incidentes de trombose venosa profunda (TVP) ocorreram no grupo de 55 pacientes que usavam meias de compressão entre o terceiro e o sexto mês, enquanto nenhum caso de TVP ocorreu nos outros dois grupos que tomaram Pinus pinaster. O Pinus pinaster foi significativamente mais eficaz a partir dos seis meses do que as meias de compressão para aliviar os sintomas de edema (P <0,05). Os sintomas foram efetivamente mais reduzidos com a combinação de Pinus pinaster e meias de compressão do que com o regime individual isolado (P <0,05).

O volume dos membros e a circunferência do tornozelo também foram mais reduzidos com Pinus pinaster e meias do que com meias de compressão isoladas após seis meses. A pressão venosa ambulatorial diminuiu progressivamente nos três grupos após doze meses de tratamento em comparação com o valor basal. Meias de compressão e Pinus pinaster foram de eficácia comparável, não tendo havido diferenças significativas da pressão venosa ambulatorial entre os grupos após doze meses de tratamento. A fluxometria com Doppler a laser no dorso dos pés mostrou uma microcirculação melhorada. Não obstante, a tolerabilidade foi superior no grupo que fez uso do extrato Pinus pinaster, tendo em vista que no grupo das meias de compressão ocorreram 18 desistências devido a não aderência pelo calor.

Outro estudo6 que demonstrou a eficácia e segurança do uso a longo prazo, foi um estudo retrospectivo de registro que avaliou diferentes manejos no desenvolvimento da síndrome pós-trombótica (SPT) e trombose venosa profunda recorrente (r-TVP). Os efeitos da aspirina (100 mg / dia), somados ao “standart management” (SM) (IUA consensus), foram observados em pacientes após uma TVP proximal. O estudo começou após o período anticoagulante. Grupos comparáveis usaram o agente antitrombótico leve, Pinus pinaster (200 mg / dia), ticlopidina (250 mg / dia) ou sulodexido (500 UlS / dia).”. O resulto mostrou que não houve problema de tolerabilidade em indivíduos que usaram o Pinus pinaster (137 pacientes); eles tiveram uma incidência muito menor de r-TVP (5,8%) e “SPT” (6,5%) vs. “SM “e aspirina (P <0,05). A síndrome combinada r-TVP + SPT foi observada em 14,9% dos indivíduos em uso de SM e em 12,9% dos indivíduos em uso de aspirina (P <0,05 vs. SM), em 3,6% dos indivíduos tratados com Pinus pinaster (<0,05% vs. aspirina) e todos os outros gerentes. A incidência foi de 10,74% com ticlopidina e 6,7% com sulodexido (ambos significativamente inferiores ao SM). Concluindo o Pinus pinaster é o mais eficaz e seguro para r-TVP e particularmente SPT. Sua gama completa de atividades antitrombóticas está agora em avaliação.

Referências Bibliográficas

1 Belcaro G. et al. Prevention of Venous Thrombosis and Thrombophlebitis in Long-Houl Flights with Pycnogenol®. Clin Appl Thrombosis/Hemostasis.10 (4): 373-377, 2004.
2 Cesarone, M R et al. Rapid relief of signs/symptons in chronic venous microangiopathy with Pycnogenol®: a prospective, controlled study. Angiology 57(5): 569-576, 2006.
3 Belcaro, G et al. Control of edema in hypertensive subjects treated with calcium antagonist nifedipine) or angiotensin-converting enzyme inhibitors with pycnogenol. Clinical and Applied Thrombosis/Hemostasis. 2006; 12(4):440-444.
4 Belcaro G. e colaboradores; “Management of Varicose Veins and Chronic Venous Insufficiency in a Comparative Registry with Nine Venoactive Products in Comparison with Stockings.” Int J Angiol 26(3): 170-178, 2017.
5 Errichi B. M. et al. . Prevention of post thrombotic syndrome with Pycnogenol® in a twelve month study. Panminerva medica, 53(3 Suppl 1), 21-27, 2011.
6 Belcaro G. e colaboradres. “Prevention of recurrent venous thrombosis and post-thrombotic syndrome.” Minerva Cardioangiol 66(3): 238-245, 2018.

Características Farmacológicas


Pinus pinaster é composto por extrato vegetal de cascas de Pinus pinaster Aiton (pinho marítimo).

Contém aproximadamente quarenta constituintes, dentre os quais estão as procianidinas e suas moléculas precursoras:

  • Catequinas, epicatequina e taxifolina, que são flavonóides. O extrato contém ainda ácidos fenólicos (ácido gálico, ácido protocatéico, ácido vanílico, ácido caféico, ácido ferrúlico, ácido p-hidroxibenzóico e ácido p-cumárico).

O maior constituinte ativo são as procianidinas. Observações clínicas e estudos in vitro comprovaram que essas substâncias possuem alto poder antioxidante. O resultado desta propriedade é a proteção do organismo contra os radicais livres. Pinus pinaster neutraliza a ação dos radicais livres do óxido nítrico (NO) e apresenta ação antioxidante contra a placa ateromatosa, através da supressão da oxidação do LDL nos vasos. Aumenta a resistência vascular selando a parede dos vasos danificados. Aumenta a resistência capilar facilitando a microcirculação. Reduz a permeabilidade vascular prevenindo o edema da insuficiência crônica. Reduz a agregação plaquetária prevenindo a formação de trombose.

Farmacocinética

A administração oral do Pinus pinaster leva a rápida absorção de ácidos fenólicos e taxifolina e absorção mais lenta de procianidinas, consequentemente, os constituintes ativos estão disponíveis por um longo período de tempo. O pico de excreção urinária de valeroctonas (metabólitos detectados após ingestão de frações de procianidinas) ocorre entre 8 e 12 horas, e a excreção total é encontrada após 28-34 horas.

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