Nos casos de hipersensibilidade a Meclozina ou aos constituintes da formulação do produto.
Este medicamento é contra-indicado para menores de 12 anos.
Uso oral.
Dose usual em adultos e adolescentes
Profilaxia e tratamento da cinetose
25 a 50 mg, 1 hora antes de viajar. A dose pode ser repetida a cada 24 horas, se necessário.
Profilaxia e tratamento das vertigens associadas às doenças que afetam o sistema vestibular
25 a 100 mg por dia, conforme necessário, em doses divididas.
Profilaxia e tratamento de náuseas e vômitos induzidos por radioterapia
50 mg, de 2 a 12 horas antes da radioterapia.
Tratamento de náuseas e vômitos durante a gravidez
25 a 100 mg por dia, conforme necessário, em doses divididas.
Os comprimidos de Meclozina 25 mg não devem ser mastigados.
Os comprimidos de Meclozina 50 mg não devem ser partidos ou mastigados.
As reações adversas a Meclozina são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de frequência.
Reação comum (> 1% e < 10%)
Sonolência.
Reações incomuns (> 0,1% e < 1%)
Xerostomia, ressecamento de nariz e garganta, cefaleia, fadiga, embaçamento visual e reação anafilactoide.
Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificação de Eventos Adversos a Medicamentos – Vigimed, disponível em ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.
A Meclozina pode potencializar os efeitos dos medicamentos anticolinérgicos ou que tenham atividade anticolinérgica.
A Meclozina é metabolizada pelo CYP2D6, portanto, existe a possibilidade de interações medicamentosas com drogas inibidoras do CYP2D6.
Interferência em exames laboratoriais
Até o momento não existem dados disponíveis relacionados à interferência da Meclozina sobre os resultados de exames laboratoriais.
O risco-benefício da Meclozina deve ser considerado nos seguintes casos:
- Obstrução do trato urinário ou hiperplasia prostática sintomática: os efeitos anticolinérgicos da Meclozina podem precipitar a retenção urinária;
- Obstrução gastroduodenal: pode ocorrer diminuição da motilidade e do tônus, agravando a retenção gástrica e a obstrução;
- Predisposição a glaucoma de ângulo fechado: o aumento da pressão intraocular pode precipitar um episódio agudo de glaucoma de ângulo fechado;
- Doença pulmonar obstrutiva crônica: a redução na secreção brônquica pode predispor à formação de tampão bronquial;
- Asma.
Este produto contém o corante amarelo de Tartrazina que pode causar reações de natureza alérgica, entre as quais asma brônquica, especialmente em pessoas alérgicas ao Ácido Acetilsalicílico.
Gravidez
Estudos epidemiológicos em mulheres grávidas não mostraram que a Meclozina causa aumento no risco de anormalidades fetais.
Amamentação
A Meclozina pode ser excretado no leite materno, entretanto, problemas em humanos não foram documentados. Devido a sua ação anticolinérgica, a Meclozina pode inibir a lactação.
Este medicamento pode ser utilizado durante a gravidez desde que sob prescrição médica ou do cirurgião-dentista.
Pacientes com insuficiência hepática
Por se tratar de uma droga metabolizada pelo fígado, insuficiência hepática pode resultar em exposição sistêmica aumentada à Meclozina. Por isso, Meclozina deve ser administrado com cautela em pacientes com insuficiência hepática.
Pacientes com insuficiência renal
Devido ao potencial de acúmulo da Meclozina e seus derivados, Meclozina deve ser administrado com cautela em pacientes com insuficiência renal.
Pediatria
Não há informações disponíveis sobre a relação entre idade e os efeitos da Meclozina, entretanto, as crianças exibem aumento da sensibilidade aos medicamentos anticolinérgicos, que são farmacologicamente relacionados a Meclozina.
Geriatria
Pacientes geriátricos exibem aumento da sensibilidade aos anticolinérgicos. Desta forma constipação, xerostomia e retenção urinária (especialmente em homens) são mais prováveis de ocorrer em idosos. O uso da Meclozina deve ser evitado em pacientes idosos com quadro de delirium ou demência.
Meclozina pode causar sonolência, desta forma, os pacientes em tratamento devem ter cuidado ao dirigir, operar máquinas, ou participar de qualquer outra atividade perigosa, até que estejam certos de que Meclozina não afeta seu desempenho.
Resultados de Eficácia
Em 1975, Milkovich e van den Berg, em um estudo prospectivo amplo, avaliando a evolução de gestantes que utilizaram fármacos antinauseantes no primeiro trimestre da gestação, foram categóricos em sua conclusão: não houve indicação de que os derivados fenotiazínicos, especificamente os derivados da proclorperazina, assim como a Meclozina, a ciclizina e o Bendectin, estivessem associados com teratogenicidade.1
Em 1994, Seto e cols. publicaram uma metanálise demonstrando claramente que o uso de antihistamínicos, incluindo a Meclozina, para o tratamento de NVG, mesmo no primeiro trimestre de gestação, era seguro e não teratogênico.2
Em 2002, Magee e cols. descreveram, em um artigo de medicina baseada em evidências, que a Meclozina e outros anti-histamínicos eram eficazes e seguros para o tratamento da NVG.3
Em importante artigo de revisão, Anne Leathem faz uma análise da eficácia e segurança das principais drogas utilizadas no tratamento de náusea e vômitos da gravidez. Neste artigo aborda a retirada da Doxilamina do mercado nos Estados Unidos, pelas evidências de que aumentava o risco de alterações fetais. Faz também uma análise de falta de evidências da segurança do uso da Metoclopramida e do potencial teratogênico, ainda que pequeno, do Dimenidrinato.4
Com o objetivo de avaliar os efeitos da Meclozina sobre o sistema vestibular, Martin e Oosterveld realizaram um estudo com 60 indivíduos, 30 saudáveis e 30 portadores de labirintopatias. Os indivíduos saudáveis receberam placebo e/ou Meclozina, enquanto os portadores de labirintopatia receberam a Meclozina. O nistagmo posicional, a resposta à estimulação calórica bitermal e a reação à aceleração angular e linear foram mensurados antes e após placebo ou Meclozina. Houve uma significante redução do tempo do nistagmo no grupo dos labirintopatas e dos saudáveis que receberam a Meclozina, quando submetidos ao teste da aceleração angular. No teste da aceleração linear, também houve um decréscimo da amplitude do movimento ocular nos indivíduos que receberam a Meclozina (labirintopatas ou não). Os autores concluíram que, em vista da baixa incidência de efeitos colaterais e da significante redução da excitabilidade vestibular, a Meclozina pode ser amplamente utilizada no tratamento ambulatorial de pacientes portadores de labirintopatias.5
Horak e cols. realizaram um estudo comparativo para analisar a redução de tontura e desequilíbrio em 25 pacientes portadores de afecção vestibular crônica, com no mínimo 6 meses de duração, que foram divididos em 3 grupos: o primeiro foi orientado para realizar exercícios de reabilitação vestibular; o segundo para exercícios gerais e o terceiro foi medicado com Meclozina. Os critérios avaliados foram o equilíbrio e a frequência das crises de vertigem. O grupo tratado com Meclozina apresentou significativa redução na vertigem.6
Cohem e deJong realizaram um estudo duplo-cego, cruzado, randomizado e comparativo entre Meclozina e placebo no tratamento da vertigem de origem vestibular em 31 pacientes, avaliando os sinais, sintomas e a etiologia da vertigem. A Meclozina foi muito superior ao placebo, reduzindo a frequência e a gravidade dos episódios, bem como os sinais e sintomas relacionados à vertigem, quais sejam, náuseas, nistagmo posicional e instabilidade postural.7
Seto e cols. publicaram uma revisão sistemática demonstrando que o uso de anti-histamínicos para o tratamento de náuseas e vômitos da gravidez, incluindo a Meclozina, era seguro e não teratogênico, mesmo quando administrados no primeiro trimestre de gestação.8
Oenbrink, médico americano especialista em navegação, relata os bons resultados com a Meclozina no tratamento das cinetoses provocadas em passageiros de cruzeiros marítimos. Nas companhias de navegação em que trabalha, como rotina é oferecido pelo serviço de quarto, comprimidos de 25 mg de Meclozina aos passageiros que começam a sofrer com a cinetose. Relata também os maus resultados e complicações acarretados pela escopolamina, outra droga disponível em alguns países para esta indicação, que obrigam a pronta intervenção no ambulatório médico de bordo. Reforça também a preocupação com a segurança da medicação, uma vez que é muito alta a incidência de passageiros idosos e portadores de múltiplas afecções, em cruzeiros marítimos.9
Referências Bibliográficas
1. Milkovich L, van den Berg B. An evaluation of the teratogenicity of certain antinauseant drugs. Am J Obstet Gynecol 1976 125(2): 244-8.
2. Seto A, Einarson T, Koren G Pregnancy outcome following first trimester exposure to antihistamines: meta-analysis Am J Perinatol 1994 14: 119-24.
3. Magee LA, Mazzotta P, Koren G Evidence-based view of safety and effectiveness of pharmacologic therapy for nausea and vomiting of pregnancy (NVP) Am J Obstet Gynecol 2002 186: S256-61.
4. Leathem AM Safety and efficacy of antiemetics used to treat nausea and vomiting in pregnancy Clinical Pharmacy 1986 5: 660-8.
5. Martin N & Oosterveld WJ. The vestibular effects of meclizine hydrochloride-niacin combination (antivert). Acta Otolaryng 1970, 70: 6-9.
6. Horak FB et al. Effects of vestibular rehabilitation on dizziness and imbalance. Otolaryngology-Head and Neck Surgery 1992, 106(2): 175-180.
7. Cohen B & deJong V. Meclizine and placebo in treating vertigo of vestibular origin. Relative efficacy in a double-blind study. Arch Neurol 1972, 27: 129-35.
8. Seto A et al. Pregnancy outcome following first trimester exposure to antihistamines: meta-analysis. Am J Perinatol 1997 14: 119-24). A meclozina também é considerada o tratamento sintomático de escolha da vertigem durante a gestação (Furman JM & Barton JJS. Treatment of vertigo. UpToDate, 2014.
9. Oenbrink RJ, Another approach to motion sickness, Readers’ Forum 90 (6), p. 44-5, 1991.
Características Farmacológicas
A Meclozina é um anti-histamínico, atuando, portanto, no bloqueio dos receptores H1 da histamina. Ao contrário da maioria dos anti-histamínicos, apresenta baixa afinidade pelos receptores muscarínicos, o que proporciona um menor número de reações adversas.
O mecanismo de acão antiemética da Meclozina parece estar relacionado com a inibição do centro do vômito no tronco cerebral, com a redução da excitabilidade do labirinto do ouvido médio e com o bloqueio da condução de vias neuronais originadas nos núcleos vestibulares para o cerebelo.
Características farmacodinâmicas e farmacocinéticas
A duração da ação da Meclozina (aproximadamente 24 horas) é maior do que a de outros antihistamínicos usados no tratamento da vertigem (dimenidrinato, difenidramina, ciclizina, buclizina). O início de ação da Meclozina ocorre em aproximadamente 1 hora.
Após a administração oral de 25 mg de Meclozina, a concentração plasmática máxima (Cmáx) de 80± 51,8 ng/mL é alcançada em 3 horas. O volume de distribuição é de 7L/kg, e a meia-vida de eliminação é de 5 horas.
A Meclozina é metabolizada no fígado à norclorciclizina e é excretada na urina e nas fezes como droga inalterada e como metabólitos. Ela é um substrato fraco da CYP2D6.