Dolutegravir Sódico: bula, para que serve e como usar

Dolutegravir Sódico é indicado para o tratamento da infecção pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana) em combinação com outros agentes antirretrovirais em adultos e crianças acima de 12 anos.

Dolutegravir Sódico não deve ser administrado em combinação com medicamentos que possuem janelas terapêuticas estreitas e que sejam substratos do transportador de cátions orgânicos 2 (OCT2), incluindo, mas não limitando-se a dofetilida, pilsicainida ou fampridina (também conhecida como dalfampridina).

É contraindicada a administração de Dolutegravir Sódico a pacientes com hipersensibilidade conhecida ao dolutegravir ou a algum dos excipientes.

A terapia com Dolutegravir Sódico deve ser iniciada por um médico com experiência no tratamento da infecção por HIV.

Dolutegravir Sódico pode ser tomado acompanhado ou não de alimentos.

Método de administração

Adultos

Pacientes vivendo com HIV-1 sem resistência a inibidores da integrase

A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg uma vez ao dia.

Pacientes vivendo com HIV-1 com resistência a inibidores da integrase (documentada ou com suspeita clínica)

A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia. A decisão de usar Dolutegravir Sódico para esse grupo de pacientes deve ser baseada no padrão de resistência a inibidores da integrase.

Adolescentes

A dose recomendada de Dolutegravir Sódico para os pacientes nunca tratados com inibidores da integrase (de 12 até menos de 18 anos e com peso mínimo de 40 kg) é de 50 mg uma vez ao dia.

Não há dados suficientes para recomendação de uma dose de Dolutegravir Sódico a crianças e adolescentes com menos de 18 anos resistentes a inibidores da integrase.

Crianças

Não há dados suficientes sobre a segurança e a eficácia para recomendação de uma dose de Dolutegravir Sódico a crianças com menos de 12 anos ou menos de 40 kg.

Idosos

Os dados disponíveis sobre o uso de Dolutegravir Sódico em pacientes a partir de 65 anos são limitados. No entanto, não existem evidências de que os pacientes idosos necessitem de uma dose diferente da administrada a adultos mais jovens.

Disfunção renal

Não é necessário ajuste da dose em pacientes com disfunção renal leve, moderada ou acentuada (clearance de creatinina – ClCr < 30 mL/min, sem diálise). Não há dados disponíveis sobre indivíduos submetidos à diálise, embora não sejam esperadas diferenças farmacocinéticas nessa população.

Disfunção hepática

Não é necessário ajuste da dose em pacientes com disfunção hepática leve ou moderada (classe A ou B de Child-Pugh). Não há dados disponíveis em pacientes com disfunção hepática acentuada (classe C de Child-Pugh).

Este medicamento não deve ser partido ou mastigado.

Dados de ensaios clínicos

As reações adversas a medicamentos (RAM) identificadas em uma análise de dados reunidos de estudos clínicos de fases IIb e III são apresentadas adiante de acordo com a classe de sistemas de órgãos MedDRA e a frequência.

As definições de frequência usadas são:

  • Muito comum (> 1/10);
  • Comum (>1/100 e < 1/10);
  • Incomum (> 1/1.000 e < 1/100);
  • Rara (> 1/10.000 e < 1/1.000);
  • Muito rara (< 1/10.000), incluindo-se relatos isolados.
  • Reações muito comuns (>1/10): cefaleia, náusea e diarreia;
  • Reações comuns (>1/100 e <1/10): insônia, tontura, sonhos anormais, ansiedade, vômito, flatulência, dor na porção alta do abdômen, dor e desconforto abdominal, erupção cutânea, prurido, fadiga e depressão;
  • Reações incomuns (>1/1000 e <1/100): Hipersensibilidade, síndrome de reconstituição imune, hepatite e ideias suicidas ou tentativas de suicídio (especialmente em pacientes com histórico de depressão ou alterações psiquiátricas pré-existentes).

Observou-se semelhança do perfil de segurança entre a população de pacientes virgens de tratamento, a daqueles previamente tratados com antirretrovirais (e virgens de tratamento com inibidores da integrase) e a dos resistentes a inibidor da integrase.

Alterações bioquímicas laboratoriais

O nível sérico de creatinina aumentou na primeira semana de tratamento com Dolutegravir Sódico e manteve-se estável durante 48 semanas. Nos pacientes virgens de tratamento, observou-se variação média de 9,96 µmol/L em relação ao nível inicial (variação: -53 µmol/L a 54,8 µmol/L) depois de 48 semanas de tratamento. Os aumentos de creatinina foram comparáveis aos observados na terapia de base com ITRNs e semelhantes em pacientes previamente tratados. Essas alterações não são consideradas clinicamente importantes, já que não refletem uma alteração da taxa de filtração glomerular.

Observaram-se pequenos aumentos do nível de bilirrubina total (sem icterícia clínica) nos braços do programa que usaram dolutegravir e raltegravir (mas não efavirenz). Essas alterações não são consideradas clinicamente importantes porque é provável que reflitam a competição entre o dolutegravir e a bilirrubina não conjugada por uma via comum de depuração (clearance) (UGT1A1).

Também houve relato de elevação assintomática da creatinofosfoquinase (CPK), principalmente associada ao exercício físico, no tratamento com dolutegravir.

População pediátrica

De acordo com os limitados dados disponíveis sobre crianças e adolescentes (de 12 até menos de 18 anos), não houve outros tipos de reações adversas além das observadas na população adulta.

Coinfecção por hepatite B ou C Em estudos de fase III, permitiu-se a inclusão de pacientes com coinfecção por hepatite B e/ou C desde que os marcadores bioquímicos iniciais da função hepática não ultrapassassem em cinco vezes o limite superior de normalidade (LSN). De modo geral, o perfil de segurança em pacientes coinfectados por hepatite B e/ou C foi semelhante ao observado em pacientes sem coinfecção por hepatite B ou C, embora as taxas de anormalidades de AST e ALT fossem maiores no subgrupo coinfectado por hepatite B e/ou C em todos os grupos de tratamento. A elevação de marcadores bioquímicos da função hepática compatível com a síndrome de reconstituição imune foi observada em alguns indivíduos coinfectados por hepatite B e/ou C no início do tratamento com Dolutegravir Sódico, sobretudo naqueles cuja terapia da hepatite B foi interrompida.

Dados pós-comercialização

  • Reações incomuns (>1/1000 e <1/100): artralgia, mialgia e ganho de peso;
  • Reações raras (>1/10000 e <1/1000): falência hepática aguda, relatada em regimes de tratamento contendo dolutegravir. A contribuição de dolutegravir nesses casos não está clara.

Atenção: este produto é um medicamento novo, e embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos. Nesse caso, notifique os eventos adversos pelo Sistema de Notificação de Eventos Adversos a Medicamentos – VigiMed, disponível em ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.

Efeito do dolutegravir na farmacocinética de outros agentes

In vitro, o dolutegravir não causou inibição direta ou causou fraca inibição (IC50 > 50 μM) das enzimas do citocromo P450 (CYP)1A2, CYP2A6, CYP2B6, CYP2C8, CYP2C9, CYP2C19, CYP2D6, CYP3A, uridina difosfato glicuronosiltransferase (UGT)1A1 ou UGT2B7 e dos transportadores Pgp, BCRP, BSEP, OATP1B1, OATP1B3, OCT1, MRP2 ou MRP4. In vitro, o dolutegravir não induziu CYP1A2, CYP2B6 nem CYP3A4. In vivo, o dolutegravir não afetou o midazolam, um fármaco marcador de atividade da CYP3A4. De acordo com esses dados, não se espera que Dolutegravir Sódico afete a cinética dos fármacos que sejam substratos dessas enzimas ou transportadores (p. ex., transcriptase reversa e inibidores da protease, abacavir, zidovudina, maraviroque, analgésicos opioides, antidepressivos, estatinas, antifúngicos azóis, inibidores da bomba de prótons, medicamentos para disfunção erétil, aciclovir, valaciclovir, sitagliptina, adefovir).

Nos estudos de interação medicamentosa, o dolutegravir não teve efeito clinicamente importante sobre a farmacocinética dos seguintes medicamentos: tenofovir, ritonavir, metadona, efavirenz, lopinavir, atazanavir, darunavir, etravirina, fosamprenavir, rilpivirina, boceprevir, telaprevir, daclastavir e contraceptivos orais que contêm norelgestromina e etinilestradiol.

In vitro, o dolutegravir inibiu o transportador de cátions orgânicos tipo 2 (OCT2) renal (IC50 = 1,93 µM), o transportador do sistema de efluxo de múltiplos fármacos e toxinas MATE-1 (IC50 = 6,34 µM) e MATE2-K (IC50 = 24,8 µM). Devido à exposição sistêmica de dolutegravir in vivo, este tem um baixo potencial para afetar o transporte dos substratos MATE2-K in vivo.

In vivo, o dolutegravir pode aumentar a concentração plasmática de fármacos cuja excreção dependa do OCT2 ou MATE-1 (por exemplo, dofetilida, pilsicainida, fampridina [também conhecida como dalfampridina] ou metformina).

In vitro, o dolutegravir inibiu os transportadores renais basolaterais: transportador de ânion orgânico (OAT) 1 (IC50 = 2,12 µM) e OAT3 (IC50 = 1,97 µM). No entanto, o dolutegravir não apresentou efeito notável sobre a farmacocinética in vivo dos substratos de OAT de tenofovir e para-aminohipurato e, portanto, possui baixa propensão para causar interações medicamentosas pela inibição dos transportadores de OAT.

Efeito de outros agentes na farmacocinética do dolutegravir

O dolutegravir é eliminado principalmente pelo metabolismo por UGT1A1. O dolutegravir também é substrato de UGT1A3, UGT1A9, CYP3A4, Pgp e BCRP; portanto, fármacos indutores dessas enzimas ou transportadores podem, teoricamente, diminuir a concentração plasmática de dolutegravir e reduzir o efeito terapêutico de Dolutegravir Sódico.

A coadministração de Dolutegravir Sódico e outros fármacos inibidores de UGT1A1, UGT1A3, UGT1A9, CYP3A4 e/ou Pgp pode aumentar a concentração plasmática de dolutegravir (ver Tabela 6).

In vitro, o dolutegravir não é um substrato do polipeptídeo transportadores de ânions orgânicos humanos (OATP) 1B1, OATP1B3 ou OCT1. Portanto, não é esperado que fármacos que podem modular exclusivamente esses transportadores possam afetar a concentração plasmática do dolutegravir.

Efavirenz, etravirina, nevirapina, rifampicina, carbamazepina e tipranavir combinado ao ritonavir reduziram consideravelmente a concentração plasmática de dolutegravir, o que requer ajuste da dose de Dolutegravir Sódico para 50 mg duas vezes ao dia. O efeito da etravirina foi atenuado pela coadministração dos inibidores de CYP3A4 lopinavir/ritonavir e darunavir/ritonavir e espera-se que também seja atenuado pela combinação atazanavir/ritonavir. Portanto, não é necessário ajustar a dose de dolutegravir quando coadministrado com etravirina e lopinavir/ritonavir, darunavir/ritonavir ou atazanavir/ritonavir. Outro indutor, fosamprenavir combinado ao ritonavir, reduziu a concentração plasmática de dolutegravir, mas não exigiu ajuste da dose de Dolutegravir Sódico. Um estudo da interação medicamentosa com atazanavir, que inibe a UGT1A1, não demonstrou aumento clinicamente importante da concentração plasmática de dolutegravir. O efeito de tenofovir, lopinavir/ritonavir, darunavir/ritonavir, rilpivirina, bocepravir, telaprevir, prednisona, rifabutina, daclastavir e omeprazol na farmacocinética do dolutegravir foi nulo ou mínimo, portanto, não é necessário ajustar a dose de Dolutegravir Sódico quando coadministrado com esses fármacos.

A Tabela 6 apresenta algumas interações medicamentosas. As recomendações baseiam-se em estudos de interação medicamentosa ou interações previstas em razão da magnitude esperada da interação e da possibilidade de eventos adversos graves ou de perda de eficácia.

Tabela 6 Interações medicamentosas

Classe do fármaco concomitante: nome do fármaco

Efeito sobre a concentração de dolutegravir ou do fármaco concomitante

Comentário clínico

Antirretrovirais

Inibidor não nucleosídeo da transcriptase reversa: etravirina (ETR) sem reforço de inibidor da protease

Dolutegravir↓
AUC ↓ 71%
Cmáx ↓ 52%
Cτ ↓ 88%
ETR ↔

A etravirina sem reforço de inibidor da protease diminuiu a concentração plasmática de dolutegravir. A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração de etravirina sem reforço de inibidor da protease. Não se deve usar Dolutegravir Sódico com etravirina sem a coadministração de darunavir/ritonavir ou lopinavir/ritonavir em pacientes resistentes a INI

Inibidor da protease: lopinavir/ritonavir + etravirina

Dolutegravir↔
AUC ↑ 10%
Cmáx ↑ 7%
Cτ ↑ 28%
LPV ↔
RTV ↔

A combinação lopinavir/ritonavir e etravirina não causou alteração clinicamente importante da concentração plasmática de dolutegravir. Não é necessário ajuste da dose

Inibidor da protease: darunavir/ritonavir + etravirina

Dolutegravir↓
AUC ↓ 25%
Cmáx ↓ 12%
Cτ ↓ 36%
DRV ↔
RTV ↔

A combinação darunavir/ritonavir e etravirina não causou alteração clinicamente importante da concentração plasmática de dolutegravir. Não é necessário ajuste da dose

Inibidor não nucleosídeo da transcriptase reversa: efavirenz (EFV)

Dolutegravir↓
AUC ↓ 57%
Cmáx ↓ 39%
Cτ ↓ 75%
EFV ↔

O efavirenz diminuiu a concentração plasmática de dolutegravir. A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração de efavirenz. Quando possível devem ser utilizadas combinações alternativas que não incluam efavirenz em pacientes resistentes a INI

Inibidor não nucleosídeo da transcriptase reversa: nevirapina

Dolutegravir↓

A coadministração com nevirapina pode diminuir a concentração plasmática de dolutegravir por indução enzimática e não foi estudada. O efeito da nevirapina sobre a exposição ao dolutegravir provavelmente é similar ao efeito do efavirenz ou menor. A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração de nevirapina. Quando possível devem ser utilizadas combinações alternativas que não incluam nevirapina em pacientes resistentes a INI

Inibidor da protease (IP): atazanavir (ATV)

Dolutegravir↑
AUC ↑ 91%
Cmáx ↑ 50%
Cτ ↑ 180%
ATV ↔

O atazanavir aumentou a concentração plasmática de dolutegravir. Não é necessário ajuste da dose

Inibidor da protease: atazanavir/ritonavir (ATV/RTV)

Dolutegravir↑
AUC ↑ 62%
Cx ↑ 34%
Cτ ↑ 121%
ATV ↔
RTV ↔

A combinação atazanavir/ritonavir aumentou a concentração plasmática de dolutegravir. Não é necessário ajuste da dose

Inibidor da protease: tipranavir/ritonavir (TPV/RTV)

Dolutegravir↓
AUC ↓ 59%
Cmáx ↓ 47%
Cτ ↓ 76%
TPV ↔
RTV ↔

A combinação tipranavir/ritonavir diminui a concentração de dolutegravir. A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração de tipranavir/ritonavir. Quando possível devem ser utilizadas combinações alternativas que não incluam tipranavir/ritonavir em pacientes resistentes a INI

Inibidor da protease: fosamprenavir/ritonavir (FPV/RTV)

Dolutegravir↓
AUC ↓ 35%
Cmáx ↓ 24%
Cτ ↓ 49%
FPV ↔
RTV ↔

A combinação fosamprenavir/ritonavir diminui a concentração de dolutegravir, mas, de acordo com dados limitados, não reduziu a eficácia em estudos de fase III. Não é necessário ajuste da dose em pacientes virgens de tratamento com INI. Quando possível devem ser utilizadas combinações alternativas que não incluam fosamprenavir/ritonavir em pacientes resistentes a INI

Inibidor da protease: nelfinavir

Dolutegravir ↔

Essa interação não foi estudada. Embora seja um inibidor da CYP3A4, não se espera que haja aumento, de acordo com dados de outros inibidores. Não é necessário ajuste da dose

Inibidor da protease: lopinavir/ritonavir (LPV/RTV)

Dolutegravir ↔
AUC ↓ 4%
Cmáx
Cτ ↓ 6%
LPV ↔
RTV ↔

A combinação lopinavir/ritonavir não causou alteração clinicamente importante da concentração plasmática de dolutegravir. Não é necessário ajuste da dose

Inibidor da protease: darunavir/ritonavir

Dolutegravir↓
AUC ↓ 22%
Cmáx ↓ 11%
Cτ ↓ 38%

A combinação darunavir/ritonavir não causou alteração clinicamente importante da concentração plasmática de dolutegravir. Não é necessário ajuste da dose

Inibidor nucleosídeo da transcriptase reversa: tenofovir

Dolutegravir↔

O tenofovir não causou alteração clinicamente importante da concentração plasmática de dolutegravir. Não é necessário ajuste da dose

Outros fármacos

Dofetilida
Pilsicainida

Dofetilida↑
Pilsicainida ↑

A coadministração de dolutegravir pode aumentar a concentração plasmática de dofetilida ou pilsicainida por inibição do transportador OCT2; a coadministração não foi estudada. A coadministração de dolutegravir com dofetilida ou pilsicainida é contraindicada em razão da possibilidade de toxicidade com risco de morte decorrente da alta concentração de dofetilida e pilsicainida

Fampridina (também conhecida como dalfampridina)

Fampridina↑

A coadministração de dolutegravir, embora não estudada, tem o potencial de causar convulsões devido ao aumento da concentração plasmática de fampridina via inibição do transportador OCT2. A coadministração de dolutegravir com fampridina é contraindicada

Carbamazepina

Dolutegravir↓
AUC ↓ 49%
Cmáx ↓ 33%
Cτ ↓ 73%

A carbamazepina diminuiu a concentração plasmática de dolutegravir. A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração de carbamazepina. Quando possível, alternativas à carbamazepina devem ser utilizadas em pacientes resistentes a INI

Fenitoína
Fenobarbital
Erva de São João

Dolutegravir↓

A coadministração com esses indutores metabólicos tem o potencial de reduzir a concentração plasmática de dolutegravir devido à indução enzimática e ainda não foi estudada. O efeito desses indutores metabólicos sobre a exposição do dolutegravir é provavelmente similar à carbamazepina. A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração com esses indutores metabólicos. Combinações alternativas que não incluam esses indutores metabólicos devem ser usadas, quando possível, em pacientes resistentes a inibidores da integrase

Oxcarbazepina

Dolutegravir↓

Esta interação não foi estudada. Embora seja um indutor de CYP3A4, uma diminuição clinicamente reduzida do dolutegravir não é esperada, com base em dados de outros indutores. Não é necessário ajuste da dose

Antiácidos que contêm cátions polivalentes (p. ex., Mg, Al)

Dolutegravir↓
AUC ↓ 74%
Cmáx ↓ 72%
C24 ↓ 74%

A coadministração de antiácidos que contêm cátions polivalentes diminuiu a concentração plasmática de dolutegravir. Recomenda-se que Dolutegravir Sódico seja administrado duas horas antes ou seis horas depois de antiácidos que contêm cátions polivalentes

Suplementos de cálcio

Dolutegravir↓
AUC ↓ 39%
Cmáx ↓ 37%
C24 ↓ 39%

Recomenda-se que Dolutegravir Sódico seja administrado duas horas antes ou seis horas depois de suplementos que contêm cálcio. Quando acompanhado de alimentos, Dolutegravir Sódico pode ser administrado ao mesmo tempo que esses suplementos

Suplementos de ferro

Dolutegravir↓
AUC ↓ 54%
Cmáx ↓ 57%
C24 ↓ 56%

Recomenda-se que Dolutegravir Sódico seja administrado duas horas antes ou seis horas depois de suplementos que contêm ferro. Quando acompanhado de alimentos, Dolutegravir Sódico pode ser administrado ao mesmo tempo que esses suplementos

Metformina

Metformina↑
Quando coadministrada com dolutegravir 50 mg uma vez ao dia:
Metformina
AUC ↑ 79%
Cmáx ↑ 66%
Quando coadministrada com dolutegravir 50 mg duas vezes ao dia:
Metformina
AUC ↑ 145 %
Cmáx ↑ 111%

A coadministração de Dolutegravir Sódico aumentou a concentração plasmática de metformina. Para manter o controle glicêmico, um ajuste na dose de metformina pode ser considerado ao iniciar ou interromper o uso de metformina em coadministração com dolutegravir

Rifampicina

Dolutegravir↓
AUC ↓ 54%
Cmáx ↓ 43%
Cτ ↓ 72%

A rifampicina diminuiu a concentração plasmática de dolutegravir. A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração de rifampicina. Quando possível devem ser utilizadas combinações alternativas que não incluam rifampicina em pacientes resistentes a INI

Contraceptivos orais (etinilestradiol [EE] e norelgestromina [NGMN])

Efeito do dolutegravir:
EE ↔
AUC↑3%
Cmáx ↓ 1%
Cτ ↑ 2%
Efeito do dolutegravir:
NGMN ↔
AUC ↓ 2%
Cmáx ↓ 11%
Cτ ↓ 7%

O dolutegravir não causou alteração clinicamente importante da concentração plasmática de etinilestradiol e norelgestromina. Não é necessário ajuste da dose dos contraceptivos orais quando coadministrados com Dolutegravir Sódico

Metadona

Efeito do dolutegravir:
Metadona ↔
AUC ↓ 2%
Cmáx ↔ 0%
Cτ ↓ 1%

O dolutegravir não causou alteração clinicamente importante da concentração plasmática de metadona. Não é necessário ajuste da dose de metadona quando coadministrada com Dolutegravir Sódico

Daclastavir

Dolutegravir ↔
AUC ↑ 33%
Cmáx ↑ 29%
Cτ ↑ 45%
Daclatasvir ↔

O daclatasvir não altera a concentração plasmática do dolutegravir em proporções clinicamente relevantes. O dolutegravir não altera a concentração plasmática do daclastavir. Não é necessário ajuste de dose

Abreviações: ↑ = aumento; ↓ = diminuição; ↔ = sem alteração importante; AUC = área sob a curva de concentração versus tempo; Cmáx = concentração máxima observada, Cτ = concentração no fim do intervalo entre doses.; INI = Inibidor da Integrase.

Reações de hipersensibilidade

Há relato de reações de hipersensibilidade aos inibidores da integrase, inclusive ao Dolutegravir Sódico, caracterizadas por erupção cutânea, sintomas gerais inespecíficos e, às vezes, disfunção de órgãos, inclusive lesão hepática. Interrompa imediatamente o uso de Dolutegravir Sódico e de outros agentes suspeitos caso surjam sinais ou sintomas de reações de hipersensibilidade (que incluem, entre outros, erupção cutânea intensa ou erupção cutânea acompanhada de febre, mal-estar geral, fadiga, dor muscular ou articular, vesículas, lesões orais, conjuntivite, edema facial, hepatite, eosinofilia, angioedema). Deve-se monitorar o estado clínico, inclusive as aminotransferases hepáticas, e iniciar tratamento adequado. A demora em interromper o tratamento com Dolutegravir Sódico ou outros medicamentos suspeitos depois do início da reação de hipersensibilidade pode ser fatal.

Síndrome de reconstituição imune

Os pacientes vivendo com HIV que têm imunodeficiência acentuada por ocasião do início da terapia antirretroviral (TARV) podem apresentar uma reação inflamatória a infecções oportunistas residuais ou assintomáticas, que causa distúrbios clínicos graves ou agravamento dos sintomas. Em geral, essas reações foram observadas nas primeiras semanas ou meses após o início da TARV. Alguns exemplos pertinentes são a retinite por citomegalovírus, as infecções micobacterianas generalizadas e/ou focais e a pneumonia por Pneumocystis jiroveci (P. carinii). É preciso avaliar sem demora quaisquer sintomas inflamatórios e iniciar o tratamento quando necessário. Também foram descritos distúrbios autoimunes (como doença de Graves, polimiosite e síndrome de Guillain-Barré) nos casos de reconstituição imune, porém o tempo até que se iniciem é mais variável e esses distúrbios podem ocorrer muitos meses depois de iniciado o tratamento e, às vezes, têm apresentação atípica.

A elevação de marcadores bioquímicos da função hepática compatível com a síndrome de reconstituição imune foi observada em alguns pacientes coinfectados por hepatite B e/ou C no início do tratamento com Dolutegravir Sódico. Recomenda-se o monitoramento bioquímico da função hepática em pacientes com coinfecção por hepatite B e/ou C. Deve-se ter o cuidado especial em iniciar ou manter tratamento efetivo da hepatite B (de acordo com as diretrizes de tratamento) ao instituir a terapia com dolutegravir nos pacientes coinfectados por hepatite B.

Infecções oportunistas

Pacientes tratados com Dolutegravir Sódico ou qualquer outra terapia antirretroviral ainda podem ter infecções oportunistas e outras complicações da infecção por HIV. Portanto, médicos com experiência no tratamento dessas doenças associadas ao HIV devem mantê-los sob rigorosa observação clínica.

Transmissão da infecção

É preciso comunicar aos pacientes que, embora a efetiva supressão viral com a terapia antirretroviral tenha demonstrado reduzir substancialmente o risco de transmissão do vírus, o risco residual de transmissão não pode ser excluído. . As precauções necessárias para prevenir a transmissão do vírus devem ser mantidas de acordo com as diretrizes nacionais.

Interações Medicamentosas

É necessário ter cuidado com a administração concomitante de medicamentos (prescritos ou de venda livre) que possam modificar a exposição do Dolutegravir Sódico ou que possam ter sua exposição modificada pelo Dolutegravir Sódico.

A dose recomendada de Dolutegravir Sódico é de 50 mg duas vezes ao dia quando há coadministração de etravirina ( sem reforço de inibidor da protease), efavirenz, nevirapina, tipranavir/ritonavir, rifampicina, carbamazepina, fenitoína, fenobarbital e Erva de São João.

Dolutegravir Sódico não deve ser coadministrado com antiácidos que contenham cátions polivalentes. Recomenda-se a administração de Dolutegravir Sódico duas horas antes ou seis horas depois desses medicamentos.

É recomendada a administração de Dolutegravir Sódico 2 horas antes ou 6 horas após tomar suplementos de cálcio ou ferro, ou alternativamente, administrado com alimentos.

Dolutegravir Sódico aumentou concentração de metformina. Para manter o controle glicêmico, um ajuste na dose de metformina pode ser considerado ao iniciar ou interromper o uso de metformina em coadministração com dolutegravir.

Lamivudina e dolutegravir

O regime duplo de lamivudina e dolutegravir somente é adequado para o tratamento da infecção pelo HIV-1 em que não há conhecida ou suspeita resistência a qualquer um destes antirretrovirais.

Gravidez e lactação

Fertilidade

Não há dados sobre os efeitos de Dolutegravir Sódico na fertilidade humana masculina nem feminina. Estudos com animais indicam que o dolutegravir não afeta a fertilidade masculina nem feminina.

Gravidez

Dolutegravir Sódico deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício esperado justificar o risco potencial para o feto. As mulheres em idade fértil (WOCBP) devem submeter-se a um teste de gravidez antes do início do tratamento com Dolutegravir Sódico e devem ser orientadas a usar contracepção eficaz ao longo do tratamento. Caso existam planos de engravidar ou se a gravidez for confirmada no primeiro trimestre enquanto em uso do Dolutegravir Sódico, os riscos e benefícios de continuar o tratamento com Dolutegravir Sódico devem ser avaliados e a mudança para um regime antirretroviral alternativo deve ser considerada.

Em um estudo de vigilância realizado em Botswana, que avaliou desfechos de nascimento, do total de 1.683 partos de mães que foram expostas a regimes de tratamento contendo dolutegravir no momento da concepção foram relatados 16 casos de malformações congênitas (0,95%) sendo cinco casos de defeitos no tubo neural (0,3%). Em comparação, 14.792 bebês de mães em uso de esquemas não contendo dolutegravir desde o momento da concepção apresentaram 15 casos de defeitos no tubo neural (0,1%) (Diferença de Prevalência de 0,20%; IC95% 0,01-0,59).

Defeitos do tubo neural ocorrem nas primeiras 4 semanas de desenvolvimento fetal (quando os tubos neurais são selados). Esse risco potencial preocuparia mulheres expostas ao dolutegravir no momento da concepção e no início da gravidez. Portanto, devido ao risco potencial de defeitos do tubo neural, um tratamento alternativo ao dolutegravir deve ser considerado no momento da concepção até o primeiro trimestre. Uma avaliação benefício-risco deve considerar fatores como viabilidade de mudança, tolerabilidade, capacidade de manter a supressão viral e risco de transmissão ao bebê contra o risco de defeitos do tubo neural.

Mais de 1000 resultados referentes à exposição do segundo e terceiro trimestre em mulheres grávidas não indicam evidências de risco aumentado de efeitos negativos de malformações e efeitos negativos fetais/ neonatais. No entanto, como o mecanismo pelo qual o dolutegravir pode interferir na gravidez humana é desconhecido, a segurança durante o segundo e o terceiro trimestre não é estabelecida. O dolutegravir só deve ser utilizado durante o segundo e terceiro trimestre de gravidez quando o benefício esperado justifica o risco potencial para o feto.

Em estudos de toxicidade reprodutiva em animais não foi identificado nenhum resultado adverso ao desenvolvimento, incluindo defeitos do tubo neural. Foi demonstrado que o dolutegravir atravessa a placenta em animais.

Lactação

Os especialistas da área de saúde recomendam que, sempre que possível, as mulheres vivendo com HIV não amamentem para evitar a transmissão do HIV. Em situações em que o uso de fórmulas infantis não é viável e o aleitamento materno durante o tratamento antirretroviral for considerado, devem ser seguidos os guias locais para amamentação e tratamento.

De acordo com dados obtidos em animais, presume-se que o dolutegravir seja secretado no leite humano, embora não haja confirmação disso em seres humanos.

Categoria D de risco na gravidez. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Informe imediatamente seu médico em caso de suspeita de gravidez.

Efeitos sobre a capacidade de dirigir veículos e operar máquinas

Não houve estudos que analisassem o efeito de Dolutegravir Sódico sobre a capacidade de dirigir ou operar máquinas. É preciso levar em conta o estado clínico do paciente e o perfil de eventos adversos de Dolutegravir Sódico ao avaliar essa capacidade.

Carcinogênese/mutagênese

O dolutegravir não foi mutagênico nem clastogênico em testes in vitro em bactérias e cultura de células de mamíferos nem em teste do micronúcleo em roedores in vivo. O dolutegravir não foi carcinogênico em estudos de longo prazo em camundongos e ratos.

Toxicologia reprodutiva

Fertilidade

O dolutegravir não afetou a fertilidade masculina nem feminina de ratos em doses de até 1.000 mg/kg/dia, a dose máxima testada (correspondente a 33 vezes a exposição clínica humana em dose de 50 mg com base na AUC).

Gravidez

A administração oral de dolutegravir a ratas grávidas em doses de até 1.000 mg/kg/dia do 6º ao 17º dia de gestação não causou toxicidade materna, toxicidade durante o desenvolvimento nem teratogenicidade (correspondente a 37,9 vezes a exposição clínica humana em dose de 50 mg com base na AUC).

A administração oral de dolutegravir a coelhas grávidas em doses de até 1.000 mg/kg/dia do 6º ao 18º dia de gestação não causou toxicidade durante o desenvolvimento nem teratogenicidade (correspondente a 0,56 vez a exposição clínica humana em dose de 50 mg com base na AUC). Em coelhos, observou-se toxicidade materna (diminuição do consumo de alimentos, diminuição da quantidade/ausência de fezes/urina, redução do ganho de peso) em dose de 1.000 mg/kg (correspondente a 0,56 vezes a exposição clínica humana em dose de 50 mg com base na AUC).

Toxicologia e/ou farmacologia animal

O efeito do tratamento diário prolongado com altas doses de dolutegravir foi avaliado por estudos de toxicidade de doses orais repetidas em ratos (até 26 semanas) e macacos (até 38 semanas). O efeito primário do dolutegravir foi a intolerância ou irritação gastrointestinal em ratos e macacos em doses que produzem exposição sistêmica correspondente a aproximadamente 32 vezes (em ratos) e 1,2 vez (em macacos) a exposição clínica humana em dose de 50 mg com base na AUC. Como se considera que a intolerância gastrointestinal (GI) seja causada pela administração local do fármaco, as medidas em mg/kg ou mg/m2 são adequadas para determinar a cobertura de segurança relativa a essa toxicidade. A intolerância GI em macacos ocorreu em dose correspondente a 30 vezes a dose equivalente humana em mg/kg (considerandose uma pessoa de 50 kg) e 11 vezes a dose equivalente humana em mg/m2, considerando-se uma dose clínica diária total de 50 mg.

Populações especiais

Ver Populações Especiais de Pacientes em Características Farmacológicas.

Resultados de Eficácia 


Indivíduos virgens de tratamento com antirretrovirais

A eficácia do dolutegravir em indivíduos vivendo com HIV e virgens de tratamento baseia-se nas análises dos dados de dois ensaios randomizados, internacionais, duplo-cegos e com controle ativo, 96 semanas do SPRING-2 (ING113086) e SINGLE (ING114467). Isto é suportado por dados de 96 semanas obtidos a partir do FLAMINGO (ING114915), um estudo aberto e controlado por substância ativa e dados adicionais da fase aberta do estudo SINGLE para 144 semanas. A eficácia de dolutegravir em combinação com lamivudina em adultos é suportada por dados do desfecho primário de 48 semanas de dois estudos idênticos de 148 semanas, randomizados, multicêntricos, duplocegos e de não-inferioridade GEMINI-1 (204861) e GEMINI-2 (205543).

No estudo SPRING, 822 adultos vivendo com HIV-1, virgens de terapia antirretroviral (TARV) foram randomizados e receberam no mínimo uma dose de 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia ou uma dose de 400 mg de raltegravir duas vezes ao dia, ambos administrados com terapia dupla com ITRN em associação em dose fixa (abacavir/lamivudina [ABC/3TC] ou tenofovir/entricitabina [TDF/FTC]). No início do estudo, a idade mediana dos pacientes era de 36 anos, 14% eram do sexo feminino, 15% eram não brancos, 12% tinham coinfecção por hepatite B e/ou C e 2% eram classe C do CDC; essas características eram semelhantes entre os grupos de tratamento.

No estudo SINGLE, 833 indivíduos foram randomizados e receberam no mínimo uma dose de 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia com abacavir-lamivudina em associação em dose fixa (Dolutegravir Sódico + ABC/3TC) ou de efavirenz-tenofovir-entricitabina em associação em dose fixa (EFV/TDF/FTC). No início do estudo, a idade mediana dos pacientes era de 35 anos, 16% eram do sexo feminino, 32% eram não brancos, 7% tinham coinfecção por hepatite C e 4% eram classe C do CDC; essas características eram semelhantes entre os grupos de tratamento.

A Tabela 1 apresenta o desfecho primário e outros desfechos na semana 48 (inclusive os desfechos por covariáveis iniciais principais) dos estudos SPRING-2 e SINGLE.

Tabela 1 Desfechos virológicos em 48 semanas do tratamento randomizado nos estudos SPRING-2 e SINGLE (algoritmo snapshot)

SPRING-2

SINGLE

Dolutegravir Sódico 50 mg uma vez ao dia + 2 ITRN N = 411

RAL 400 mg duas vezes ao dia + 2 ITRN N = 411Dolutegravir Sódico 50 mg + ABC/3TC uma vez ao dia N = 414

EFV/TDF/FTC uma vez ao dia N = 419

RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL*

88%85%88%

81%

Diferença de tratamento*

2,5% (IC de 95%: -2,2%, 7,1%)

7,4% (IC de 95%: 2,5%, 12,3%)

Ausência de resposta virológica

5%8%5%

6%

Ausência de dados virológicos na janela de 48 semanas

7%7%7%

13%

Razões

Descontinuação do estudo/fármaco em estudo em razão de evento adverso ou morte‡ 

2%1%2%

10%

Descontinuação do estudo/fármaco em estudo por outras razões§ 

5%6%5%

3%

Dados faltantes durante a janela, mas ainda no estudo

000

< 1%

RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL por covariáveis de base

Carga viral plasmática inicial (cópias/mL)

n / N (%)

≤ 100.000

267 / 297 (90%)264 / 295 (89%)253 / 280 (90%)

238 / 288 (83%)

> 100.000

94 / 114 (82%)87 / 116 (75%)111 / 134 (83%)

100 / 131 (76%)

CD4+ inicial (células/mm3)

< 200

43 / 55 (78%)34 / 50 (68%)45 / 57 (79%)

48 / 62 (77%)

200 a < 350

128 / 144 (89%)118 / 139 (85%)143 / 163 (88%)

126 / 159 (79%)

≥ 350

190 / 212 (90%)199 / 222 (90%)176 / 194 (91%)

164 / 198 (83%)

Terapia de base com ITRN

ABC/3TC

145 / 169 (86%)142 / 164 (87%)ND

ND

TDF/FTC

216 / 242 (89%)209 / 247 (85%)ND

ND

Sexo

Masculino

308 / 348 (89%)305 / 355 (86%)307 / 347 (88%)

291 / 356 (82%)

Feminino

53 / 63 (84%)46 / 56 (82%)57 / 67 (85%)

47 / 63 (75%)

Raça

Branca

306 / 346 (88%)301 / 352 (86%)255 / 284 (90%)

238 / 285 (84%)

Americano-africano/hereditariedade africana/outros

55 / 65 (85%)50 / 59 (85%)109 / 130 (84%)

99 / 133 (74%)

Idade (anos)

< 50

324 / 370 (88%)312 / 365 (85%)319 / 361 (88%)

302 / 375 (81%)

≥ 50

37 / 41 (90%)39 / 46 (85%)45 / 53 (85%)

36 / 44 (82%)

*Ajustado para fatores de estratificação iniciais.
Inclui indivíduos com substituição da terapia de base (TB) por uma nova classe ou modificação do TBR não permitida pelo protocolo ou decorrente de ineficácia antes de 48 semanas (apenas no SPRING-2), indivíduos com descontinuação antes de 48 semanas por ineficácia ou perda de eficácia e indivíduos com ≥ 50 cópias na janela de 48 semanas.
Inclui indivíduos com descontinuação por evento adverso ou morte a qualquer momento desde o dia 1 e durante toda a janela de 48 semanas caso isso tenha resultado na ausência de dados virológicos sobre o tratamento durante a janela de 48 semanas.
§ Inclui razões como consentimento de retirada, perda do acompanhamento, mudança de domicílio, desvio do protocolo.
Observações: ABC/3TC = abacavir (600 mg), lamivudina (300 mg) na forma da associação em dose fixa (ADF).
EFV/TDF/FTC = efavirenz (600 mg), tenofovir (300 mg), entricitabina (200 mg) na forma da ADF.
N = Número de indivíduos em cada grupo de tratamento.
IC= Intervalo de Confiança.

No estudo SPRING-2, durante 96 semanas, a supressão virológica (RNA do HIV-1 <50 cópias/mL) no grupo do Dolutegravir Sódico (81%) foi não inferior à ocorrida no grupo do raltegravir (76%). A variação mediana do número de células T CD4+ em relação ao início do estudo foi de 230 células/mm3 no grupo do Dolutegravir Sódico e no grupo do raltegravir na semana 48. Na semana 96, a contagem foi de 276 células/mm3 no grupo do Dolutegravir Sódico comparado a 264 células/mm3 no grupo recebendo raltegravir.

Na semana 48 do estudo SINGLE, a supressão virológica (RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL) no braço de Dolutegravir Sódico + ABC/3TC foi de 88%, superior à ocorrida no braço de EFV/TDF/FTC (81%), de acordo com a análise primária (p = 0,003). Na semana 96, a supressão virológica foi mantida, sendo superior no braço Dolutegravir Sódico + ABC/3TC (80%) em comparação ao braço EFV/TDF/FTC (72%). A diferença do tratamento foi de 8.0 (2.3, 13.8), p = 0,006. A variação média ajustada do número de células T CD4+ em relação ao início do estudo foi de 267 células/mm3 no grupo do Dolutegravir Sódico + ABC/3TC e de 208 células/mm3 no braço de EFV/TDF/FTC do estudo SINGLE em 48 semanas. A diferença ajustada e IC de 95% foi de 58,9 (33,4, 84,4), p < 0,001 (modelo de medidas repetidas ajustado para os fatores de estratificação iniciais: RNA do HIV-1 inicial e número inicial de células T CD4+, entre outros fatores). Essa análise foi especificada previamente e ajustada para multiplicidade. O tempo mediano até a supressão viral foi de 28 dias no grupo tratado com Dolutegravir Sódico + ABC/3TC e de 84 dias no braço tratado com EFV/TDF/FTC do estudo SINGLE em 48 semanas (p < 0,0001). Essa análise foi especificada previamente e ajustada para multiplicidade. Na Semana 144 da fase aberta do estudo, a supressão virológica foi mantida e o braço Dolutegravir Sódico + ABC/3TC (71%) foi superior ao braço EFV/TDF/FTC (63%). A diferença no tratamento foi 8,3% (2,0; 14,6).

Tanto no estudo SPRING-2 quanto SINGLE as diferenças de tratamento relativas à supressão virológica (RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL) foram comparáveis em todas as características de base (sexo, raça e idade).

Durante as 96 semanas do estudo SINGLE e do estudo SPRING-2, não se isolaram mutações de resistência a INI nem resistência à terapia de base nos braços que continham dolutegravir. No estudo SPRING-2, houve falha terapêutica em quatro indivíduos do braço do raltegravir com mutações maiores associadas a ITRN e um indivíduo desenvolveu resistência ao raltegravir; no estudo SINGLE, houve falha terapêutica em seis indivíduos no braço de EFV/TDF/FTC com mutações associadas à resistência a ITRNN e um indivíduo desenvolveu uma mutação maior associada a ITRN.

No estudo FLAMINGO (ING114915), aberto e controlado por substância ativa, 484 adultos vivendo com HIV-1 e virgens de tratamento antirretroviral foram randomizados e tratados com 50mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia ou com darunavir/ritonavir (DRV/r) 800mg/100mg uma vez ao dia, ambos administrados com dose fixa combinada de ITRN (ABC/3TC ou TDF/FTC). No início do estudo, a idade média dos pacientes era de 34 anos, 15% eram do sexo feminino, 28% eram não brancos, 10% tinham coinfecção por hepatite B e/ou C e 3% eram classe C do CDC. Estas características foram similares entre os grupos de tratamento. A supressão virológica (HIV-1 RNA < 50 cópias/mL) no grupo tratado com Dolutegravir Sódico (90%) foi superior a do grupo tratado com DRV/r (83%) em 48 semanas. A diferença ajustada em proporção e IC de 95% foi de 7.1% (0.9, 13.2), p = 0,025. Na Semana 96, a supressão virológica do grupo tratado com Dolutegravir Sódico (80%) foi superior ao grupo tratado com DRV/r (68%). Não foram observadas mutações emergentes de resistência primária ao tratamento com INI, IP ou ITRN nos indivíduos que receberam Dolutegravir Sódico ou DRV+RTV.

Demonstrou-se resposta virológica mantida no estudo SPRING-1 (ING112276), no qual 88% dos pacientes tratados com 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia (n = 51) alcançaram RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL em comparação com 72% dos pacientes no grupo tratado com efavirenz (n = 50) em 96 semanas. Não se isolaram mutações de resistência a INI nem resistência à terapia de base surgida durante o tratamento no grupo tratado com 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia durante 96 semanas.

Nos estudos idênticos GEMINI-1 (204861) e GEMINI-2 (205543) de 148 semanas, randomizados, duplo-cegos, multicêntricos, de nãoinferioridade, 1433 indivíduos adultos vivendo com HIV-1 e virgens de tratamento com antirretrovirais foram randomizados e receberam um regime de tratamento duplo com dolutegravir 50 mg e lamivudina 300 mg uma vez ao dia ou dolutegravir 50 mg uma vez ao dia com dose fixa de TDF/FTC.

Os indivíduos foram recrutados com RNA do HIV-1 plasmático de 1000 c/mL a ≤ 500.000 c/mL nos testes de triagem. Na análise dos dados reunidos de todos os pacientes na linha de base, a mediana da idade dos pacientes foi de 33 anos, sendo 15% do sexo feminino, 32% não brancos, 6% tinham coinfecção por hepatite C e 9% eram classe 3 do CDC; estas características foram semelhantes entre os grupos de tratamento. A supressão virológica (RNA do HIV-1 <50 cópias/mL) no grupo dolutegravir mais lamivudina [91% (dados reunidos)] não foi inferior ao grupo dolutegravir mais TDF/FTC [93% (dados reunidos)] na semana 48. A diferença ajustada na proporção e IC de 95% foi de – 1,7% (-4,4; 1,1). Os resultados da análise de dados reunidos estavam em consonância com os dos estudos individuais, para os quais o desfecho primário foi atingido (diferença na proporção <50 cópias/mL de RNA do HIV-1 plasmático na semana 48 com base no algoritmo Snapshot para dolutegravir mais lamivudina versus associação em dose fixa de dolutegravir e TDF/FTC). A diferença ajustada foi de -2,6% (IC de 95%: -6,7; 1,5) para GEMINI-1 e -0,7% (IC de 95%: -4,3; 2,9) para o GEMINI-2, com uma margem de não-inferioridade préespecificada de 10%. Durante as 48 semanas dos estudos GEMINI-1 e GEMINI-2, nenhum caso de resistência emergente às classes de inibidores da integrase ou ITRNs foi observado nos braços DTG + 3TC ou DTG + TDF/FTC.

Não existem dados disponíveis sobre o uso de dolutegravir mais lamivudina como regime de duas drogas em pacientes pediátricos.

Indivíduos previamente tratados com antirretrovirais (e virgens de tratamento com inibidor da integrase)

No estudo SAILING, duplo cego, multicêntrico, internacional (ING111762), 719 adultos vivendo com HIV-1, previamente tratados com TARV foram randomizados e tratados com 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia ou 400 mg de raltegravir duas vezes ao dia, com terapia de base (TB) escolhida pelo investigador constituída de até dois agentes (incluindo no mínimo um medicamento plenamente ativo). No início do estudo, a idade mediana dos pacientes era de 43 anos, 32% eram do sexo feminino, 50% eram não brancos, 16% tinham coinfecção por hepatite B e/ou C e 46% eram classe C do CDC. Todos os indivíduos tinham resistência a no mínimo duas classes de antirretrovirais (ARVs) e 49% tinham resistência a no mínimo três classes de ARVs no início do estudo.

A Tabela 2 apresenta os desfechos na semana 48 (inclusive os desfechos por covariáveis iniciais principais) do estudo SAILING.

Tabela 2 Desfechos virológicos de 48 semanas do tratamento randomizado no estudo SAILING (algoritmo snapshot)

Dolutegravir Sódico (50 mg uma vez ao dia) + TB N = 354§

RAL (400 mg duas vezes ao dia) + TB N = 361§

RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL

71%

64%

Diferença de tratamento ajustada

7,4% (IC de 95%: 0,7%, 14,2%)

Ausência de resposta virológica

20%

28%

Ausência de dados virológicos na janela de 48 semanas

9%

9%

Razões

Descontinuação do estudo/fármaco em estudo em razão de evento adverso ou morte

3%

4%

Descontinuação do estudo/fármaco em estudo por outras razões§

5%

4%

Ausência de dados durante a janela, mas ainda no estudo

2%

1%

RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL por covariáveis de base

Carga viral plasmática inicial (cópias/mL)

n / N (%)

≤ 50.000 cópias/mL

186 / 249 (75%)

180 / 254 (71%)

> 50.000 cópias/mL

65 / 105 (62%)

50 / 107 (47%)

CD4+ inicial (células/mm3)

< 50

33 / 62 (53%)

30 / 59 (51%)

50 a < 200

77 / 111 (69%)

76 / 125 (61%)

200 a < 350

64 / 82 (78%)

53 / 79 (67%)

≥ 350

77 / 99 (78%)

71 / 98 (73%)

Terapia de base

Índice de sensibilidade fenotípica* < 2

70 / 104 (67%)

61 / 94 (65 %)

Índice de sensibilidade fenotípica* = 2

181 / 250 (72%)

169 / 267 (63%)

Índice de sensibilidade genotípica* < 2

155 / 216 (72%)

129 / 192 (67%)

Índice de sensibilidade genotípica* = 2

96 / 138 (70%)

101 / 169 (60%)

DRV/r em TB

Sem uso de DRV/r

143 / 214 (67%)

126 / 209 (60%)

Uso de DRV/r com mutações primárias ao IP

58 / 68 (85%)

50/ 75 (67%)

Uso de DRV/r sem mutações primárias ao IP

50/72 (69%)

54/77 (70%)

Sexo

Masculino

172 / 247 (70%)

156 / 238 (66%)

Feminino

79 / 107 (74%)

74 / 123 (60%)

Raça

Branca

133 / 178 (75%)

125 / 175 (71%)

Americano-africano/hereditariedade africana/outros

118 / 175 (67%)

105 / 185 (57%)

Idade (anos)

< 50

196 / 269 (73%)

172 / 277 (62%)

≥ 50

55 / 85 (65%)

58 / 84 (69%)

Subtipo de HIV

Clade B

173 / 241 (72%)

159 / 246 (65%)

Clade C

34 / 55 (62%)

29 / 48 (60%)

Outro

43 / 57 (75%)

42 / 67 (63%)

Ajustado para fatores de estratificação iniciais.
§ Quatro indivíduos foram excluídos da análise de eficácia em razão da integridade dos dados em um centro de pesquisa.
*O Índice de Sensibilidade Fenotípica (PSS) e o Índice de Sensibilidade Genotípica (GSS) foram definidos como o número total de TARVs no EB ao qual o isolado viral de um indivíduo mostrou sensibilidade no início do estudo de acordo com testes de resistência fenotípicos ou genotípicos. O esquema básico foi restrito a ≤ duas TARV com pelo menos um medicamento plenamente ativo, porém n = 11 PSS = 0, n = 2 PSS = 3.
Outras clades foram: complexo (43), F1 (32), A1 (18), BF (14), todos os outros < 10.
Observações: TB = terapia de base; RAL = raltegravir; N = número de indivíduos em cada grupo de tratamento; DRV = darunavir.

No estudo SAILING, a supressão virológica (RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL) no braço de Dolutegravir Sódico (71%) foi estatisticamente superior ao braço do raltegravir (64%), na semana 48 (p = 0,030). As diferenças de tratamento relativas à supressão virológica (RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL) foram comparáveis em todas as características de base de sexo, raça e subtipo de HIV. As variações médias do número de células T CD4+ em relação ao início do estudo foram de 113 células/mm3 na semana 24 e 162 células/mm3 na semana 48, no grupo de Dolutegravir Sódico e de 106 células/mm3 na semana 24 e 153 células/mm3 na semana 48, no grupo do raltegravir.

Estatisticamente, menos pacientes apresentaram falha terapêutica com aparecimento de resistência no gene IN no braço de Dolutegravir Sódico (4/354, 1%) que no de raltegravir (17/361, 5%) (p = 0,003).

Indivíduos resistentes a inibidores da integrase

No estudo piloto VIKING (ING112961) de coorte, sequencial, de braço único, aberto, multicêntrico, internacional, de fase IIb, foram inscritas duas coortes sequenciais de indivíduos com resistência a várias classes de fármacos, inclusive resistência a inibidores da integrase do HIV, para analisar a atividade antiviral de Dolutegravir Sódico na dose de 50 mg uma vez ao dia (n = 27) em comparação com a dose de 50 mg duas vezes ao dia (n = 24) depois de 10 dias de monoterapia funcional. As respostas foram maiores com a administração duas vezes ao dia (redução de 1,8 log10 em relação ao RNA do HIV inicial) que com a administração uma vez ao dia (redução de 1,5 log10 em relação ao valor inicial, diferença ajustada de 0,3 log10, p = 0,017). As taxas de resposta maiores com a administração duas vezes ao dia foram mantidas com o uso contínuo de Dolutegravir Sódico e a otimização do esquema básico durante 48 semanas de tratamento (33% versus 71% < 50 cópias/mL, análise ITT-E TLOVR). Observou-se um perfil de segurança comparável entre as doses. Subsequentemente, o estudo VIKING-3 analisou o efeito de Dolutegravir Sódico, na dose de 50 mg duas vezes ao dia durante sete dias de monoterapia funcional, seguida por terapia de base otimizada e continuação do tratamento com Dolutegravir Sódico duas vezes ao dia.

No estudo VIKING-3 (ING112574), de braço único, aberto, multicêntrico, adultos vivendo com HIV-1, previamente tratados com ARV, com falha virológica e evidência atual ou passada de resistência ao raltegravir e/ou elvitegravir, foram tratados com 50 mg de Dolutegravir Sódico duas vezes ao dia com o esquema básico ineficaz em curso durante sete dias, mas com terapia de base otimizada a partir do dia 8. Foram incluídos 183 indivíduos, 133 com resistência a INI detectada por testes de triagem e 50 somente com histórico de evidência de resistência (e sem detecção de resistência nos testes de triagem). No início do estudo, a idade mediana dos pacientes era de 48 anos, 23% eram do sexo feminino, 29% eram não brancos e 20% tinham coinfecção por hepatite B e/ou C. A contagem mediana inicial de CD4+ era de 140 células/mm3, a duração mediana da TARV prévia era de 14 anos e 56% pertenciam à classe C do CDC. Os indivíduos apresentavam resistência a várias classes de ARV no início do estudo: 79% tinham mutações maiores relacionadas a ≥ 2 ITRN, 75% tinham mutações maiores relacionadas a ≥ 1 ITRNN e 71% tinham mutações maiores relacionadas a ≥ 2 IP; 62% tinham vírus não R5. A população com desfecho virológico (DV) excluiu os pacientes que interromperam o tratamento por motivos não relacionados à eficácia e aqueles com desvios maiores no protocolo (dose incorreta de dolutegravir, administração de medicamentos concomitantes proibidos). A população DV é um subconjunto da população ITT-E.

A variação média de RNA do HIV em relação ao nível inicial no dia 8 (desfecho primário) foi de 1,4 log10 (IC de 95% – 1,3, – 1,5 log10, p < 0,001). A resposta foi associada à via mutacional de INI no início do estudo, como mostra a Tabela 3.

Tabela 3 Resposta virológica (RNA plasmático do HIV-1) no dia 8 por via mutacional de resistência ao INI inicial (desfecho virológico [DV] no dia 8)

Via mutacional ao INI

Número de indivíduos (população de DV)Variação média em relação ao nível inicial (DP) no dia 8

% de declínio > 1 log10 no dia 8*

Ausência de mutações Q148H/K/R#

124-1,60 (0,52)

92%

Q148 + 1 mutação secundária^

35-1,18 (0,52)

71%

Q148 + 2 mutações secundárias^

20-0,92 (0,81)

45%

# Inclui mutações primárias de resistência a INI N155H, Y143C/H/R, T66A, E92Q ou apenas histórico de resistência a INI.
*Inclui indivíduos com HIV RNA < 50 cópias/mL no dia 8.
^ G140A/C/S, E138A/K/T, L74I.

Após a fase de monoterapia, quando possível, os indivíduos tiveram a oportunidade de otimizar a terapia de base.

Dos 183 indivíduos que completaram 24 semanas de estudo ou que foram descontinuados antes do ponto de corte (cut-off) dos dados, 126 (69%) alcançaram < 50 cópias/mL de RNA na semana 24 (ITT-E, algoritmo de instantâneo [snapshot]). Indivíduos hospedando vírus com Q148 e outras mutações secundárias associadas a Q148 alcançaram menor resposta na semana 24. O índice de sensibilidade geral (OSS) à terapia base não foi associado à resposta na semana 24.

Tabela 4 Resposta virológica por via mutacional de resistência ao INI inicial e OSS da TBO (HIV-1 RNA < 50 cópias/mL, algoritmo snapshot), na semana 24

Via mutacional ao INI

OSS = 0OSS = 1OSS = 2OSS > 2

Total

Ausência de mutações Q148H/K/R1

4/4 (100%)35/40 (88%)40/48 (83%)17/22 (77%)

96/114 (84%)

Q148 + 1 mutação secundária2

2/2 (100%)8/12 (67%)10/17 (59%)

20/31 (65%)

Q148 + ≥ 2 mutações secundárias2

1/2 (50%)2/11 (18%)1/3 (33%)

4/16 (25%)

1 N155H, Y143C/H/R, T66A, E92Q ou apenas histórico de resistência a INI.
2 G140A/C/S, E138A/K/T, L74I.
OSS: Índice de sensibilidade geral (resistência genotípica e fenotípica combinada [avaliação final Monogram Biosciences]).

A taxa de resposta na semana 48 foi sustentada por 116/183 (63%) indivíduos com RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL (ITT-E, algoritmo Snapshot). A resposta também foi sustentada durante a semana 48 em indivíduos portadores do vírus com Q148 e mutação secundária adicional associada ao Q148. A proporção dos indivíduos com RNA do HIV-1 < 50 cópias/mL na semana 48 foi de 88/113 (78%) para nenhuma mutação Q148, 13/31 (61%) para mutações Q148 + 1 e 4/16 (25%) para mutações secundárias Q148 + ≥2 (população VO, algoritmo Snapshot). A base da pontuação de suscetibilidade global (OOS) não foi associada com a resposta na semana 48.

A supressão virológica (HIV-1 RNA < 50 cópias/mL) foi comparável em todas as características basais (sexo, raça e idade). A variação mediana do número de células T CD4+ em relação ao início do estudo VIKING-3 baseado nos dados observados foi de 61 células/mm3 na semana 24 e 110 células/m3 na semana 48.

No estudo VIKING-4 (ING116529), multicêntrico, duplo-cego e controlado por placebo, 30 adultos vivendo com HIV-1, previamente tratados com ARV, com falha virológica, fazendo uso de um regime contendo inibidor da integrase e com resistência genotípica primária a INI detectada por testes de triagem foram randomizados e receberam uma dose de 50 mg de Dolutegravir Sódico duas vezes ao dia ou placebo mantendo o esquema básico ineficaz em curso por 7 dias. A partir do dia 8, todos os pacientes receberam abertamente Dolutegravir Sódico com terapia de base otimizada. A mediana da idade dos pacientes no momento inicial foi de 49 anos, sendo 20% do sexo feminino, 58% não-brancos e 23% tendo coinfecção com hepatite B e/ou C. A mediana de CD4+ inicial foi de 160 células/mm3, a mediana de tempo de tratamento com ARV anterior foi de 13 anos e 63% eram classe C do CDC. No momento inicial, os indivíduos apresentaram resistência a ARVs de múltiplas classes: 80% tinham mutações a ITRN ≥2, 73% a ITRNN ≥1 e 67% a IP ≥2 IPs; 83% tinham vírus não-R5. Dezesseis dos trinta indivíduos (53%) portava o vírus Q148 no momento inicial. A comparação dos desfechos primários no dia 8 mostrou que Dolutegravir Sódico 50 mg duas vezes ao dia foi superior ao placebo, com uma diferença média de tratamento ajustada para a variação de RNA do HIV em relação ao nível inicial de – 1.2 log10 cópias/mL (IC de 95% – 1,5, – 0,8 log10, p < 0,001). As respostas obtidas no dia 8 desse estudo placebo-controlado foram consistentes com as observadas no estudo VIKING-3, incluindo as categorias de base de resistência à integrase. Na Semana 48, 12/30 (40%) dos indivíduos tinham RNA HIV-1 < 50 cópias/mL (ITT-E, algoritmo snapshot).

Em uma análise combinada dos estudos VIKING-3 e VIKING-4 (n=186, população DV), a proporção de indivíduos com RNA HIV < 50 cópias/mL na Semana 48 foi 123/186 (66%). Para mutações não-Q148, a proporção de indivíduos com RNA HIV < 50 cópias/mL foi 96/126 (76%), para mutações Q148+1 mutação secundária foi de 22/41 (54%) e para Q148 + ≥2 mutações secundárias foi de 5/19 (26%).

Crianças

Um estudo aberto, multicêntrico, de 48 semanas, de fase I/II (P1093/ING112578) avaliou os parâmetros farmacocinéticos, a segurança, a tolerabilidade e a eficácia de Dolutegravir Sódico em terapias combinadas em lactentes, crianças e adolescentes vivendo com HIV-1.

Com 24 semanas, 16 de 23 (70%) crianças e adolescentes (12 até menos de 18 anos) tratados com Dolutegravir Sódico uma vez ao dia (35 mg, n = 4; 50 mg, n = 19) mais TBO alcançaram carga viral inferior a 50 cópias/mL. Vinte das 23 crianças e adolescentes (87%) apresentaram redução > 1 log10 cópias /mL em relação ao RNA do HIV-1 inicial ou RNA do HIV-1 <400 cópias/mL na semana 24. Quatro pacientes apresentaram falha virológica, nenhum dos quais apresentaram resistência a INI no momento da falha.

Características Farmacológicas 


Propriedades Farmacodinâmicas

Mecanismo de ação

O Dolutegravir Sódico inibe a integrase do HIV por ligação ao sítio ativo da integrase e bloqueio da etapa de transferência do filamento na integração do ácido desoxirribonucleico (DNA) do retrovírus, que é essencial para o ciclo de replicação do HIV. Os estudos bioquímicos de transferência de fita utilizando a HIV-1 integrase purificada e substrato de DNA pré-processado resultaram em valores IC50 de 2,7 nM e 12,6 nM. In vitro, o dolutegravir dissocia-se lentamente do sítio ativo do complexo integrase-DNA de tipo selvagem (t ½ = 71 horas).

Efeitos farmacodinâmicos

Em um ensaio randomizado de determinação da dose, indivíduos vivendo com HIV-1 em monoterapia com Dolutegravir Sódico apresentaram atividade antiviral rápida e dose-dependente, com declínio médio do RNA do HIV-1 entre o início do estudo e o dia 11 de 1,5, 2,0 e 2,5 log10 com as respectivas doses de 2 mg, 10 mg e 50 mg de dolutegravir uma vez ao dia. Essa resposta antiviral foi mantida durante três a quatro dias depois da última dose no grupo tratado com 50 mg.

Atividade antiviral em cultura celular

A EC50 do DTG foi de 0,51 nM nas células mononucleares do sangue periférico (CMSP) infectadas pela cepa BaL do HIV-1 e de 0,53 nM nas CMSP infectadas pela cepa NL432 do HIV-1. As EC50s das células MT-4 infectadas pela cepa IIIB do HIV-1 e incubadas com dolutegravir durante quatro ou cinco dias foram de 0,71 e 2,1 nM.

Em um ensaio de sensibilidade da integrase viral que usou a região codificadora de integrase de 13 isolados da clade B clinicamente diferentes, a potência antiviral do dolutegravir foi semelhante à observada em cepas laboratoriais, com EC50 média de 0,52 nM. Quando avaliada em ensaios de CMSP contra um painel constituído de 24 isolados clínicos do HIV-1 (grupo M [clades A, B, C, D, E, F e G] e grupo O) e três isolados clínicos do HIV-2, a média geométrica de EC50 foi de 0,20 nM e os valores de EC50 variaram de 0,02 a 2,14 nM com o HIV-1, enquanto a média geométrica de EC50 foi 0,18 nM e os valores de IC50 variaram de 0,09 a 0,61 nM com isolados do HIV-2.

Atividade antiviral em combinação com outros agentes antivirais

Nenhum fármaco com atividade anti-HIV inerente teve ação antagonista do dolutegravir (as avaliações in vitro foram feitas pela técnica checkerboard em combinação com estavudina, abacavir, efavirenz, nevirapina, lopinavir, amprenavir, enfuvirtida, maraviroque, adefovir e raltegravir). Além disso, antivirais sem atividade anti-HIV inerente (ribavirina) não tiveram efeito aparente sobre a atividade do dolutegravir.

Efeito do soro humano e das proteínas séricas

Estudos in vitro sugeriram uma modificação de 75 vezes da EC50 do dolutegravir na presença de soro humano a 100% (pelo método de extrapolação), e a EC90 ajustada para proteína (PA-EC90) em CMSP foi estimada em 64 ng/mL. A concentração mínima de dolutegravir com uma dose única de 50 mg em indivíduos virgens de tratamento com inibidor da integrase foi de 1,20 µg/mL e, portanto, 19 vezes maior que a PA-EC90 estimada.

Resistência in vitro

Isolamento do HIV-1 de tipo selvagem: não se observaram vírus extremamente resistentes ao dolutegravir durante a passagem de 112 dias da cepa IIIB, com fold change (FC) máximo de 4,1 vezes nas populações de vírus resistentes após a passagem com substituições nas posições de IN conservadas S153Y e S153F.

A passagem da cepa NL432 de HIV-1selvagem na presença de dolutegravir selecionou as substituições E92Q (FC dos vírus da população de passagem = 3,1) e G193E (FC dos vírus da população de passagem = 3,2) no dia 56. A passagem adicional de vírus selvagens dos subtipos B, C e A/G na presença de DTG selecionou R263K, G118R e S153T.

Atividade anti-HIV contra cepas resistentes

Cepas resistentes a inibidores da transcriptase reversa e inibidores da protease: o dolutegravir mostrou potência equivalente contra dois clones mutantes de HIV-1 resistentes a inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa (ITRNN), três clones mutantes resistentes a inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa (ITRN) e dois clones mutantes resistentes a inibidores da protease (IP) (um triplo e um sêxtuplo) em comparação com a cepa de tipo selvagem.

Cepas de HIV-1 resistentes a inibidores da integrase

Sessenta HIV-1 mutantes resistentes a inibidores da integrase (28 com uma substituição e 32 com duas ou mais substituições) foram produzidos a partir do vírus NL-432 selvagem por meio de mutagênese sítiodirigida. O dolutegravir mostrou atividade anti-HIV (sensibilidade) com FC < 5 contra 27 de 28 vírus mutantes resistentes a inibidores da integrase com uma substituição, inclusive T66A/I/K, E92Q/V, Y143C/H/R Q148H/K/R e N155H, enquanto os números de vírus mutantes testados com FC < 5 foram de 17/28 com o raltegravir e 11/21 com o elvitegravir. Além disso, dos 32 vírus mutantes resistentes a inibidores da integrase com duas ou mais substituições, observou-se FC < 5 em 23 de 32 com dolutegravir, em 4 de 32 com raltegravir e em 2 de 25 testados com elvitegravir.

Cepas de HIV-2 resistentes a inibidores da integrase

HIV-2 mutantes sítio-dirigidos foram criados a partir de indivíduos vivendo com HIV-2 e tratados com raltegravir que apresentaram falha virológica. Em geral, os FCs do HIV-2 observados foram semelhantes aos FCs do HIV-1 observados com vias mutacionais semelhantes. O FC com dolutegravir foi < 5 contra quatro HIV-2 (S163D, G140A/Q148R, A153G/N155H/S163G e E92Q/T97A/N155H/S163D); o FC com dolutegravir contra E92Q/N155H foi de 8,5 e contra G140S/Q148R foi de 17. O dolutegravir, o raltegravir e o elvitegravir tiveram igual atividade contra o HIV-2 mutante sítio-dirigido com S163D e contra o tipo selvagem; contra os demais HIV-2 mutantes o FC com raltegravir variou de 6,4 a 420 e o FC com elvitegravir variou de 22 a 640.

Isolados clínicos de indivíduos com falha virológica no tratamento com raltegravir

Trinta amostras de isolados clínicos com resistência genotípica e fenotípica ao raltegravir (FC mediano > 81) foram submetidas à avaliação da sensibilidade ao dolutegravir (FC mediano de 1,5) pelo teste PhenoSense da Monogram Biosciences. O FC mediano com dolutegravir de isolados que continham alterações em G140S + Q148H foi de 3,75; em G140S + Q148R foi de 13,3; em T97A + Y143R foi de 1,05 e em N155H foi de 1,37.

A sensibilidade ao dolutegravir de 705 isolados resistentes ao raltegravir de pacientes previamente tratados com raltegravir foi analisada pelo teste PhenoSense de Monogram Biosciences. O dolutegravir apresenta FC ≤ 10 contra 93,9% dos 705 isolados clínicos, 16 (9%) de 184 isolados com a mutação de resistência INI Q148 + 1 e 25 (27%) de 92 isolados clínicos com a mutação de resistência INI Q148 + ≥ 2 tiveram aumento maior que 10 vezes.

Resistência in vivo: pacientes virgens de tratamento com inibidores da integrase

Nenhuma mutação de resistência a INI nem resistência à terapia de base com ITRN foi isolada durante o tratamento de pacientes virgens de tratamento com 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia, nos estudos SPRING-1, SPRING-2, SINGLE e FLAMINGO. No estudo SAILING com pacientes previamente tratados com antirretroviral (e virgens de tratamento com inibidores da integrase) (n = 354 no braço tratado com dolutegravir), observou-se, na semana 48, substituições a inibidores da integrase surgida durante o tratamento em quatro de dezessete indivíduos com falha virológica recebendo dolutegravir. Desses quatro casos, dois pacientes apresentaram uma substituição singular de R263K na integrase, com FC máximo de 1,93, um paciente apresentou uma substituição polimórfica V151V/I na integrase, com FC máximo de 0,92 e um paciente apresentou mutações na integrase pré-existentes, caso onde foi considerado que este era experiente a integrase ou que foi infectado, no momento da transmissão, por um vírus resistente a integrase.

Resistência in vivo: pacientes resistentes a inibidores da integrase

O estudo VIKING-3 avaliou a administração de Dolutegravir Sódico (mais terapia de base otimizada) a indivíduos com resistência preexistente a INI. Trinta e seis indivíduos (36/183) apresentaram falha virológica definida por protocolo (PDVF) até a semana 24. Desses, 32 tiveram os dados iniciais e de resistência com PDVF pareados para análise e 17/32 (53%) apresentaram mutações surgidas durante o tratamento. As mutações surgidas durante o tratamento ou as combinações de mutações observadas foram L74L/M (n =1), E92Q (n = 2), T97A (n = 9 E138K/A/T (n = 8), G140S (n = 2), Y143H (n = 1), S147G (n = 1), Q148H/K/R (n = 4), N155H (n = 1) e E157E/Q (n=1). Quatorze dos 17 indivíduos que tinham vírus com mutações surgidas durante o tratamento abrigavam vírus com mutação na via Q148 presentes no início do estudo ou previamente. Cinco novos indivíduos experimentaram PDVF entre as semanas 24 e 48, e 2 desses cinco indivíduos tiveram mutações associadas ao tratamento. As mutações associadas ao tratamento ou a mistura de mutações observadas foram L74I (n=1), N155H(n=2).

O estudo VIKING-4 avaliou Dolutegravir Sódico (mais terapia de base otimizada) em indivíduos com resistência genotípica primária a INIs nos testes de triagem em 30 indivíduos.

As mutações emergentes ao tratamento observadas foram consistentes com aquelas observadas no estudo VIKING-3.

Efeitos no eletrocardiograma

Em um ensaio cruzado (cross-over), randomizado e controlado por placebo, administrou-se a 42 indivíduos saudáveis doses orais únicas de placebo, DTG em suspensão de 250 mg (exposições correspondentes a aproximadamente o triplo da dose de 50 mg uma vez ao dia em estado de equilíbrio) e moxifloxacino (400 mg, controle ativo) em sequência aleatória. O dolutegravir não prolongou o intervalo QTc por 24 horas após a dose. Após ajuste em função do valor inicial e do placebo, a alteração média máxima do QTc com base no método de correção de Fridericia (QTcF) foi de 1,99 ms (limite superior do IC de 95% unilateral: 4,53 ms).

Efeitos na função renal

O efeito de Dolutegravir Sódico sobre o clearance de creatinina sérica (ClCr), a taxa de filtração glomerular (TFG) com uso de ioexol como marcador e o fluxo plasmático renal efetivo (FPRE) com uso de para-aminoipurato (PAH) como marcador foi avaliado em um estudo aberto, randomizado, de três braços, paralelo, controlado por placebo em 37 indivíduos saudáveis tratados com 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia (n = 12), 50 mg duas vezes ao dia (n = 13) ou placebo uma vez ao dia (n = 12) durante 14 dias. Observou-se pequena diminuição do ClCr com o dolutegravir na primeira semana de tratamento, compatível com o observado em estudos clínicos. O dolutegravir, nas duas doses, não teve efeito relevante sobre a TFG nem sobre o FPRE. Esses dados respaldam estudos in vitro sugestivos de que os pequenos aumentos da creatinina observados em estudos clínicos são causados por inibição não patológica do transportador de cátions orgânicos tipo 2 (OCT2) nos túbulos renais proximais, que medeia a secreção tubular de creatinina.

Propriedades Farmacocinéticas

A farmacocinética do dolutegravir é semelhante em indivíduos saudáveis e vivendo com HIV. A variabilidade farmacocinética (PK) do dolutegravir é de baixa a moderada. Em estudos de fase I em indivíduos saudáveis, o coeficiente de variação interindividual (CVb%) para AUC e Cmáx variou de ~20% a 40% e a Cτ variou de 30% a 65% entre os estudos. A variabilidade PK interindividual do DTG foi maior em indivíduos vivendo com HIV que em indivíduos saudáveis. A variabilidade intraindividual (CVw%) é menor que a variabilidade interindividual.

Absorção

O dolutegravir é absorvido rapidamente após a administração oral, com Tmáx mediano duas a três horas após a administração na forma de comprimido. A linearidade da farmacocinética do dolutegravir depende da dose e da formulação. Em geral, após a administração oral de formulações em comprimido o Dolutegravir Sódico apresentou farmacocinética não linear com aumentos da exposição plasmática menores que os proporcionais à dose entre 2 e 100 mg; entretanto, o aumento da exposição ao dolutegravir parece proporcional à dose na faixa de 25 a 50 mg.

Dolutegravir Sódico pode ser administrado acompanhado ou não de alimentos. Os alimentos aumentaram a extensão e reduziram a taxa de absorção do dolutegravir. A biodisponibilidade do dolutegravir depende do conteúdo da refeição: refeições com quantidade baixa, moderada e alta de gorduras aumentaram a AUC(0-∞) do dolutegravir de 33%, 41% e 66%, aumentaram Cmáx de 46%, 52% e 67% e prolongaram Tmáx de 2 horas em jejum para 3, 4 e 5 horas, respectivamente. Esses aumentos não têm importância clínica.

A biodisponibilidade absoluta do dolutegravir não foi determinada.

Distribuição

De acordo com dados in vitro, o dolutegravir liga-se intensamente (cerca de 99,3%) às proteínas plasmáticas humanas. Estima-se que o volume aparente de distribuição (após administração oral da formulação em suspensão, Vd/F) seja de 12,5 L. A ligação do dolutegravir às proteínas plasmáticas foi independente da concentração. As razões de concentração de radioatividade relacionada ao fármaco no sangue total e no plasma variaram, em média, entre 0,441 e 0,535, indicando associação mínima da radioatividade com os componentes celulares do sangue. Estima-se que a fração livre de DTG no plasma seja de cerca de 0,2% a 1,1% em indivíduos saudáveis, cerca de 0,4% a 0,5% em indivíduos com disfunção hepática moderada, 0,8% a 1,0% em indivíduos com disfunção renal acentuada e 0,5% em pacientes vivendo com HIV-1.

O dolutegravir é encontrado no líquido cefalorraquidiano (LCR). Em 12 indivíduos virgens de tratamento em esquema com dolutegravir mais abacavir/lamivudina (3TC) por 16 semanas, a concentração média de dolutegravir no LCR foi de 15,4 ng/mL na semana 2 e 12,6 ng/mL na semana 16, variando de 3,7 a 23,2 ng/mL (comparável à concentração plasmática do fármaco não ligado). A razão da concentração de dolutegravir no LCR: plasma variou de 0,11% a 2,04%. As concentrações de dolutegravir no LCR ultrapassaram a IC50, o que confirma a redução mediana do RNA do HIV-1 no LCR de 2,2 log em relação ao nível inicial após duas semanas e 3,4 log após 16 semanas de tratamento.

O dolutegravir está presente nos órgãos genitais femininos e masculinos. A AUC no líquido cervicovaginal, no tecido cervical e no tecido vaginal variou de 6% a 10% da AUC plasmática correspondente em estado de equilíbrio. No sêmen a AUC foi de 7% e no tecido retal foi de 17% da AUC plasmática correspondente em estado de equilíbrio.

Metabolismo

O dolutegravir é metabolizado principalmente via UGT1A1 com um componente CYP3A menor (9,7% da dose total administrada em um estudo de balanço de massa em seres humanos). O dolutegravir é a substância circulante predominante no plasma; a eliminação renal do fármaco inalterado é baixa (< 1% da dose). Cinquenta e três por cento da dose oral total são excretados inalterados nas fezes. Não se sabe se essa quantidade representa, total ou parcialmente, o fármaco não absorvido ou a excreção biliar do conjugado com glicuronidato, que pode se decompor e liberar a substância original na luz intestinal. Trinta e um por cento da dose oral total são excretados na urina, representados por éter de glicuronídeo do DTG (18,9% da dose total), metabólito da N-desalquilação (3,6% da dose total) e um metabólito formado por oxidação no carbono benzílico (3,0% da dose total).

Eliminação

O dolutegravir tem uma meia-vida terminal de ~14 horas e um clearance aparente (CL/F) de 0,56 L/h.

Populações especiais de pacientes

Crianças

Em um estudo pediátrico que incluiu 23 adolescentes (12 a < 18 anos) vivendo com HIV-1, previamente tratados com antirretrovirais, a farmacocinética do dolutegravir foi avaliada em dez crianças e mostrou que a administração de Dolutegravir Sódico na dose de 50 mg uma vez ao dia resultou na exposição de crianças ao dolutegravir comparável à observada em adultos tratados com 50 mg de Dolutegravir Sódico uma vez ao dia (ver Tabela 5).

Tabela 5 Parâmetros farmacocinéticos pediátricos (n=10)

Idade/peso

Dose de Dolutegravir Sódico

Estimativas de parâmetros farmacocinéticos do dolutegravir Média geométrica (CV%)

AUC(0-24) µg.h/mL

Cmáx µg/mL

C24 µg/mL

12 a < 18 anos ≥ 40 kga

50 mg uma vez ao diaa46 (43)3,49 (38)

0,90 (59)

a Um indivíduo que pesava 37 kg recebeu 35 mg uma vez ao dia.

Idosos

A análise farmacocinética populacional de dolutegravir com uso de dados de adultos vivendo com HIV-1 mostrou que a idade não teve efeito clinicamente importante sobre a exposição ao dolutegravir.

Os dados farmacocinéticos relativos ao dolutegravir em indivíduos > 65 anos são limitados.

Disfunção renal

O clearance renal do fármaco inalterado é uma via menor de eliminação do dolutegravir. Um estudo da farmacocinética do dolutegravir foi realizado em indivíduos com disfunção renal acentuada (ClCr < 30 mL/min). Não se observaram diferenças farmacocinéticas clinicamente importantes entre indivíduos com disfunção renal acentuada (ClCr < 30 mL/min) e indivíduos saudáveis equivalentes. Não é necessário ajuste da dose em pacientes com disfunção renal. O dolutegravir não foi estudado em pacientes em diálise, embora não sejam esperadas diferenças na exposição.

Disfunção hepática

O dolutegravir é metabolizado e eliminado principalmente pelo fígado. Em um estudo que comparou oito indivíduos com disfunção hepática moderada (classe B de Child-Pugh) a oito controles adultos saudáveis equivalentes, a exposição do dolutegravir em dose única de 50 mg foi semelhante nos dois grupos. Não é necessário ajuste da dose em pacientes com disfunção hepática leve a moderada. O efeito da disfunção hepática acentuada sobre a farmacocinética do dolutegravir não foi estudado.

Polimorfismos de enzimas metabolizadoras de fármacos

Não há evidências de que polimorfismos comuns em enzimas metabolizadoras de fármacos alterem a farmacocinética do dolutegravir em grau clinicamente importante. Em uma metanálise utilizando amostras para análise farmacogenômica colhidas de indivíduos saudáveis em estudos clínicos, os indivíduos com genótipo UGT1A1 (n = 7), responsável por metabolismo insatisfatório do dolutegravir, tiveram um clearance de dolutegravir 32% menor e uma AUC 46% maior que indivíduos com genótipos associados ao metabolismo normal via UGT1A1 (n = 41). Os polimorfismos em CYP3A4, CYP3A5 e NR1I2 não foram associados a diferenças na farmacocinética do dolutegravir.

Sexo

A exposição ao dolutegravir em indivíduos saudáveis parece ser ligeiramente maior (~20%) em mulheres que em homens de acordo com os dados obtidos em um estudo de indivíduos saudáveis (homens, n = 17; mulheres, n = 24). Análises PK populacionais a partir de dados farmacocinéticos reunidos de ensaios de fase IIb e fase III em adultos não mostraram efeito clinicamente importante do sexo na exposição ao dolutegravir.

Raça

Análises PK populacionais a partir de dados farmacocinéticas reunidos de ensaios de fase IIb e fase III com adultos não mostraram efeito clinicamente importante da raça sobre a exposição do dolutegravir. A farmacocinética do dolutegravir após administração de dose única oral a indivíduos japoneses parece semelhante aos parâmetros observados em indivíduos ocidentais (Estados Unidos).

Coinfecção por hepatite B ou C

A análise farmacocinética populacional indicou que a coinfecção pelo vírus da hepatite C não teve efeito clinicamente importante na exposição ao dolutegravir. Os dados sobre indivíduos com coinfecção por hepatite B são limitados.

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