Cinarizina + Piracetam: bula, para que serve e como usar

Em clínica geral e neurologia

Na profilaxia e tratamento das disfunções vasculares cerebrais; arteriosclerose cerebral ou generalizada; sequelas de acidentes vasculares cerebrais; diminuição da memória; enxaquecas.

Nas síndromes sensoriais

Vertigens e zumbidos nos ouvidos; perturbações vasomotoras periféricas; parestesias noturnas; cãibras; claudicação intermitente; profilaxia de acidentes vasculares periféricos em diabéticos e hipertensos.

Otorrinolaringologia

Nas alterações tensionais de origem vascular, do ouvido interno e labirinto; doenças de Menière; síndromes vértebro-basilares; perturbações do equilíbrio.

Cinarizina + Piracetam é contraindicado em casos de hipersensibilidade conhecida à cinarizina, ao piracetam ou a qualquer componente da fórmula. Não devem fazer uso deste medicamento os indivíduos com insuficiência renal grave.

Cinarizina + Piracetam não deve ser usado por indivíduos portadores de doença de Parkinson, a menos que o médico considere que os benefícios do tratamento superem os riscos de agravamento da doença.

Uso Oral.

Posologia

Crianças menores de 6 anos de idade

1/2 comprimido, 2 vezes ao dia.

Crianças maiores de 6 anos de idade

1 comprimido, 2 vezes ao dia.

Adultos

1 comprimido, 3 vezes ao dia.

O tratamento poderá ser mantido por longos períodos, devendo a dose de manutenção ser ajustada pelo médico de acordo com a gravidade do caso.

Cinarizina + Piracetam pode provocar sono e distúrbios gastrintestinais (dor abdominal, dor abdominal superior, diarreia, náuseas e vômitos); raramente podem ocorrer sintomas como: boca seca, dores de cabeça, ganho de peso, transpiração excessiva e reação alérgica: dermatite, prurido e urticária. Pode ainda provocar nervosismo, irritabilidade, insônia, ansiedade, tremor, agitação e aumento da libido.

Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária – NOTIVISA, disponível em www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa, ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.

Medicamentos que deprimem o sistema nervoso central (fenobarbital, tiopental, diazepan, bromazepan), antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, imipramina, desipramina, doxepina, maprotilina) e o álcool, quando ingeridos concomitantemente com este medicamento, podem ter potencializados os efeitos sedativos.

A cinarizina pode, devido ao seu efeito anti-histamínico, interferir na leitura de testes intradérmicos, caso seja administrada até 4 dias antes do teste cutâneo. Um caso de confusão mental, irritabilidade e alteração do sono foi relatado durante o tratamento com hormônios tireoideanos (T3 e T4) concomitantemente com piracetam.

Varfarina

O tempo de protrombina deve ser cuidadosamente monitorizado quando há administração concomitante de varfarina e piracetam. Poderão ser necessários ajustes na dose de varfarina de forma a manter o nível desejável de anticoagulação.

Recomenda-se cautela na administração em pacientes que apresentam alterações básicas de hemostasia, cirurgias de grande porte ou hemorragia grave, devido aos efeitos do piracetam na agregação plaquetária. Deve-se ter cautela também, na administração em pacientes com insuficiência renal, uma vez que a eliminação do piracetam ocorre pelos rins.

Este medicamento é contraindicado para menores de 3 anos de idade.

Gravidez

Categoria de risco C.

Não foram realizados estudos em animais e nem em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram risco, mas não existem estudos disponíveis realizados em mulheres gravidas.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.

Lactação

Amamentação O piracetam é excretado no leite materno. Portanto, o uso deste medicamento deve ser evitado durante a amamentação.

Capacidade de dirigir e operar máquinas

Durante o tratamento, o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas.

Resultados de Eficácia

Ultimamente, tem sido dedicada mais atenção ao desenvolvimento de medicamentos combinados que permitam melhorar tanto a perfusão, como o metabolismo cerebral. Na investigação realizada, foi examinada a influência de uma dessas associações, contendo cinarizina 400mg e piracetam 25mg, para o tratamento da insuficiência do fluxo sanguíneo cerebral, com efeito metabólico e vasoativo em razão da cinarizina. O principal critério de participação dos pacientes na investigação foi um diagnóstico da isquemia cerebral crônica.

É considerado que a combinação das características dos componentes da associação em estudo permite alcançar melhor efeito, em prazos mais curtos, e diminuir as doses das substâncias ativas, quando comparado com o uso separado de cinarizina e medicamentos nootrópicos, como o piracetam. A investigação foi realizada em duas etapas: um ensaio randomizado comparativo em clínica neurológica (60 pacientes) e avaliação da eficácia do medicamento na prática neurológica rotineira (60 pacientes). A observação dinâmica neurológica foi acompanhada por exame neuropsicológico, testes cinéticos e investigação ultra-sônica de vasos cerebrais.

Já na primeira fase do tratamento com o medicamento em associação, foi encontrada uma dinâmica positiva de vários parâmetros neurológicos e neuropsicológicos. Durante as investigações ultra-sônicas, foi observado o progresso da dinâmica por uma série de parâmetros da velocidade do fluxo sanguíneo na artéria cerebral média.

Durante a avaliação da eficácia do medicamento em associação (cinarizina + piracetam), nos mesmos períodos da prática neurológica rotineira, foram observadas alterações positivas em todos os sintomas de doença, o que foi confirmado através dos resultados de testes cinéticos, além do fato de estes componentes potencializarem um ao outro, produzindo baixa incidência de efeitos adversos. Muitos pacientes relataram tolerância aceitável e conveniência de usar o medicamento associado em .uma cápsula de cinarizina e piracetam ao invés de dois comprimidos de medicamentos.

Características Farmacológicas

Propriedades farmacológicas

Cinarizina

A cinarizina inibe a contração das células musculares lisas dos vasos sanguíneos, através do bloqueio dos canais de cálcio. Além deste antagonismo direto ao cálcio, a cinarizina diminui a atividade contrátil de substâncias vasoativas, como a norepinefrina e a serotonina, através do bloqueio do receptor dos canais de cálcio. O bloqueio do influxo celular de cálcio é tecido-seletivo e resulta em propriedades vasodilatadoras, sem efeito na pressão arterial e frequência cardíaca.

A Cinarizina pode, adicionalmente, melhorar a microcirculação deficiente, através do aumento da maleabilidade dos eritrócitos e diminuição da viscosidade sanguínea. Inibe a estimulação do sistema vestibular, resultando em supressão do nistagmo e outros distúrbios autonômicos. Episódios agudos de vertigem podem ser prevenidos ou reduzidos pela cinarizina.

Piracetam

É uma pirrolidona (2-oxo-1-pirrolidina-acetamida), um derivado cíclico do ácido gamaaminobutírico (GABA).

Os dados disponíveis sugerem que o mecanismo básico de ação do piracetam não é célula ou órgão-específico. O piracetam liga-se fisicamente de modo dosedependente à extremidade polar dos modelos de membranas fosfolipídicas, induzindo a restauração da estrutura de membrana lamelar, caracterizada pela formação de complexos de princípio ativofosfolipídeo móveis. Este fato provavelmente contribui para o aumento da estabilidade da membrana, permitindo que as proteínas da membrana e da trans-membrana mantenham ou recuperem a estrutura tridimensional ou ainda que se dobrem o suficiente para desempenharem suas funções. O piracetam apresenta efeitos neuronal e vascular.

Tanto em animais como em seres humanos, as funções envolvidas em processos cognitivos como aprendizagem, memória, atenção e consciência foram acentuadas. Apresenta efeitos benéficos na microcirculação cerebral e no metabolismo de pacientes com isquemia cerebral, aumentando o fluxo sanguíneo e o metabolismo cerebral na área isquêmica, não apresentando efeitos significativos em áreas com perfusão normal.

Exerce ainda efeito hemorreológico nas plaquetas, hemácias e paredes dos vasos sanguíneos, por meio do aumento da maleabilidade eritrocitária e diminuição da agregação plaquetária, adesão de eritrócitos às paredes dos vasos e vasoespasmo capilar.

Propriedades farmacocinéticas

Cinarizina

Os níveis de pico plasmático de cinarizina são obtidos de 1 a 3 horas após a sua ingestão. A cinarizina possui meia-vida de 4 horas e é completamente metabolizada. A eliminação de seus metabólitos ocorre aproximadamente em um terço na urina e dois terços nas fezes. A ligação às proteínas plasmáticas da cinarizina é de 91%.

Piracetam

O perfil farmacocinético do piracetam é linear e independe do tempo, com baixa variabilidade entre indivíduos envolvidos em estudos com amplo intervalo de doses. Isto condiz com a alta permeabilidade, alta solubilidade e metabolismo mínimo do piracetam. A meia-vida plasmática do piracetam é de cinco horas, sendo semelhante em voluntários adultos e em pacientes; e maior em idosos (principalmente devido ao clearance renal prejudicado) e em indivíduos com insuficiência renal.

O clearance aparente total corpóreo é de 80-90mL/min. A principal via de excreção é a urinária, correspondendo à 80-100% da dose administrada. O piracetam é excretado por filtração glomerular. O piracetam não se liga às proteínas plasmáticas e seu volume de distribuição é de aproximadamente 0,6L/kg. Sua concentração plasmática máxima é alcançada uma hora após a administração em indivíduos em jejum. A biodisponibilidade absoluta do piracetam em formulações orais é de aproximadamente 100%.

A ingestão de alimentos não afeta a extensão da absorção de piracetam, porém diminui a Cmáx em 17% e aumenta o tmáx de 1 para 1,5 horas.

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