Ácido Épsilon-Aminocapróico: bula, para que serve e como usar

Ácido Épsilon-Aminocapróico em sua forma injetável, está indicado para o tratamento das hemorragias em geral, principalmente aquelas induzidas por hiperfibrinólise e por agentes trombolíticos; no pós-cirúrgico; nas hemorragias causadas por discrasias sanguíneas, como anemia aplástica, púrpuras, hemofilias A e B, leucopenias, leucoses; nas hemoptises; nefrorragias e metrorragias.

Está indicado, também, na profilaxia de hemorragias subaracnóideas recorrentes e no pré-operatório de cirurgias que, sabidamente, causem grandes perdas sanguíneas (boca, pulmões, útero, pâncreas, bexiga e próstata). 

Quais as contraindicações do Ácido Épsilon-Aminocapróico?

Ácido Épsilon-Aminocapróico é contraindicado para pacientes com coagulação intravascular ativa, vasculopatia oclusiva aguda e em pacientes com hipersensibilidade aos componentes da fórmula.

A administração deve ser estritamente pela via endovenosa e na velocidade máxima de infusão de 50 mg/min. A dose de Ácido Épsilon-Aminocapróico deve ser ajustada individualmente por paciente. As doses recomendadas devem ser interpretadas como uma diretriz inicial.

Ácido Épsilon-Aminocapróico pode ser administrado em infusão venosa ou, dependendo da gravidade, injetado diretamente na veia, sem qualquer diluição, na velocidade máxima de infusão de 50 mg/min. Entretanto, para todos os casos, recomenda-se que a administração seja feita isoladamente. Para o preparo de soluções para infusão venosa, Ácido Épsilon-Aminocapróico deve ser diluído em soro fisiológico isotônico, glicose isotônica, frutose a 20%, Dextran 40, Dextran 70 ou solução de Ringer. O volume para diluição dependerá da necessidade de reposição/restrição hídrica do paciente, sendo, então, a critério médico. O ácido épsilon-aminocapróico é uma molécula estável e, quando mantidas as condições de esterilidade, a solução preparada poderá ser utilizada pelo tempo necessário à infusão.

Adultos

Ácido Épsilon-Aminocapróico 1g

1 a 2 frascos-ampola, três a quatro vezes ao dia, por via endovenosa, diluídos em 250/500 mL de soro fisiológico isotônico ou glicosado ou solução de Ringer, a critério médico. 

Ácido Épsilon-Aminocapróico 4g

Para os casos de maior gravidade, fibrinólise aguda e outros, nos quais são necessárias doses mais elevadas, recomenda-se aplicar uma dose de ataque de 4 a 5g, durante a primeira hora de tratamento, para atingir uma concentração plasmática de 130 mcg/mL, determinando uma inibição da hiperfibrinólise sistêmica. 

Crianças

De acordo com o peso corporal – 100 a 200 mg/kg/dia, divididos em três a quatro vezes, a critério médico. 

Insuficiência Renal

Nestes pacientes, é recomendada a redução das doses. 

Idosos

A posologia para pacientes idosos pode ser a mesma preconizada para adultos mais jovens. Entretanto, sob supervisão médica.

De modo geral, Ácido Épsilon-Aminocapróico é bem tolerado. Entretanto, as reações adversas observadas com a utilização do ácido épsilon-aminocapróico, por ordem de incidência, foram:

Reações comuns (>1/100 e <1/10)

Náuseas, vômitos, dor epigástrica e diarréia.

Estas reações adversas ocorreram com a utilização de doses elevadas do ácido épsilon-aminocapróico e apresentaram remissão com a redução das mesmas.

Reações incomuns (>1/1.000 e <1/100)

Reações cutâneas de hipersensibilidade, congestão nasal e ocular, vertigem, cefaléia e, com doses elevadas, hipotensão arterial. 

Reações raras (>1/10.000 e <1/1000)

Eventos tromboembólicos, miopatias** e, em hemofílicos, ejaculação espontânea. 

Reações raras (>1/10.000 e <1/1000)

Eventos tromboembólicos, miopatias** e, em hemofílicos, ejaculação espontânea. 

Em caso de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária – NOTIVISA ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Ácido Épsilon-Aminocapróico com outros remédios?

A administração concomitante de Ácido Épsilon-Aminocapróico com a reposição de fatores da coagulação promove aumento do risco de eventos tromboembólicos. A administração concomitante deste medicamento com anticoagulantes promove antagonismo farmacodinâmico e ineficácia de ambos. Foram observadas turvação e precipitação de soluções do Ácido Épsilon-Aminocapróico, quando associadas, in vitro, a outros medicamentos. 

Não foram observadas alterações nos resultados de exames laboratoriais com a utilização do Ácido Épsilon-Aminocapróico. 

A farmacocinética de Ácido Épsilon-Aminocapróico não se modifica na presença de alimentos e, até o momento, não foram descritos casos de interação com estes. 

Quais cuidados devo ter ao usar o Ácido Épsilon-Aminocapróico?

Específicas ao produto

Ácido Épsilon-Aminocapróico, em sua forma injetável, deve ser administrado estritamente pela via endovenosa. A administração endovenosa deverá ser o mais lenta possível, devendo sempre ser respeitada a velocidade máxima de infusão de 50 mg/min. Não associar nenhum outro medicamento a Ácido Épsilon-Aminocapróico, nem administrá-lo no mesmo equipo em que já esteja sendo administrado outro medicamento.

Gerais

Este produto só deve ser administrado a pacientes com história pregressa ou familiar de tromboembolismo ou comorbidades predisponentes, em situações nas quais os benefícios superem os riscos e sob supervisão médica. Os mesmos cuidados também são necessários nos casos de hematúria, devido à possibilidade de oclusão vascular renal ou renal, por coágulos.

A administração concomitante deste medicamento com a reposição de fatores da coagulação deve ser sob supervisão médica, pelo aumento do risco de eventos tromboembólicos. Pelo antagonismo farmacodinâmico, não é recomendada a administração concomitante deste medicamento com anticoagulantes.

Miopatia

Há relatos, na literatura, de casos de miopatias causadas pelo Ácido Épsilon-Aminocapróico. Os raros casos de maior gravidade ocorreram entre os que receberam o Ácido Épsilon-Aminocapróico pela via intramuscular e evoluíram com rabdomiólise, mioglobinúria e insuficiência renal. Portanto, este medicamento deve ser administrado estritamente pela via endovenosa.

Em pacientes que apresentarem mialgia e/ou redução da força muscular, a CPK sérica deve ser avaliada e, em caso da elevação desta, o medicamento deve ser descontinuado. Aqueles que necessitarem de tratamentos de longo prazo também devem ser avaliados periodicamente através da dosagem da CPK. 

Arritmias cardíacas

Há relatos, na literatura, de casos de hipotensão arterial, bradicardia/arritmias ou taquiarritmias relacionadas à administração endovenosa rápida do Ácido Épsilon-Aminocapróico. 

Convulsões

Há relatos, na literatura, de casos de convulsões tônico-clônicas relacionadas à administração endovenosa rápida do Ácido Épsilon-Aminocapróico. 

Uso durante a gravidez e lactação

Embora seja citado na literatura o uso do Ácido Épsilon-Aminocapróico por gestantes, não foram realizados estudos específicos para o estabelecimento da segurança do uso deste produto por gestantes e lactantes e não há informações sobre sua excreção no leite materno. Portanto, Ácido Épsilon-Aminocapróico só deve ser administrado a gestantes e lactantes em situações nas quais os benefícios superem os riscos e sob supervisão médica.

Categoria de Risco na Gravidez C.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.

Idosos

Em pacientes idosos, deverá ser considerada a possibilidade de uma redução da depuração renal do Ácido Épsilon-Aminocapróico e maior probabilidade de incidência de fenômenos tromboembólicos, em função da idade. Portanto, Ácido Épsilon-Aminocapróico só deve ser administrado a pacientes idosos sob supervisão médica. 

Renais Crônicos

A eliminação do Ácido Épsilon-Aminocapróico é por excreção renal. Portanto, Ácido Épsilon-Aminocapróico só deve ser administrado a pacientes renais crônicos sob supervisão médica. E, nestes pacientes, é recomendada a redução das doses. 

Alteração na capacidade de dirigir veículos ou operar máquinas 

Ácido Épsilon-Aminocapróico não afeta a capacidade de dirigir veículos ou operar máquinas. 

Qual a ação da substância Ácido Épsilon-Aminocapróico?

Resultados de Eficácia


Cirurgia

Em estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, pacientes (n = 55) submetidos à artroplastia total do quadril receberam ácido épsilon-aminocapróico (dose de ataque de 150 mg/kg de peso corporal, no período pré-anestésico, e 12,5 mg/kg de peso corporal/h, nas cinco primeiras horas de pós-operatório) ou placebo (solução salina, em igual volume, no período peri-operatório).

A perda sanguínea média, do início da cirurgia à retirada do circuito de drenagem, e a necessidade de transfusão de sangue, em unidades de concentrados de hemácias, foram de 867 (± 207) mL e 7 unidades (n = 4) vs. 1198 (± 544) mL e 12 unidades (n = 7), nos grupos tratamento e placebo, respectivamente. Não foram observados eventos adversos.1

Trombocitopenia

Pacientes (n = 11) portadores de trombocitopenia (contagem de plaquetas < 20.000/dL), apresentando epistaxe, petéquias, equimoses, gengivorragia e/ou hemorragia digestiva – isolada ou concomitantemente – e refratários à transfusão de plaquetas, receberam, pelas vias oral e/ou endovenosa, ácido épsilon aminocapróico, em doses que variaram de 4 a 24 g/dia, conforme a intensidade do sangramento.

O único evento adverso observado foram náuseas, que cessaram com a redução das doses. Todos os pacientes evoluíram com redução/remissão do sangramento.2

Hemoptise

Em relato de dois casos, pacientes apresentando hemoptise maciça, com 4 e 6 dias de evolução, respectivamente, secundária à tuberculose pulmonar e refratária ao tratamento clínico habitual, foram tratados com ácido épsilon-aminocapróico, com uma dose de ataque de 5 g na primeira hora de tratamento e, posteriormente, 1g/h, por 24 horas. Foi observada remissão do sangramento após a dose de ataque, no caso de menor período de evolução, e, no segundo, após 24 horas. Não foram observados eventos adversos.3

Referências Bibliográficas:

1) Harley, B.J. – The effect of epsilon-aminocaproic acid on blood loss in patients who undergo primary total hip replacement: a pilot study. Can. J. Surg.; 45(3): 185-190, 2002.
2) Garewal, H.S. e Durie, B.G.M. – Anti-fibrinolytic therapy with aminocaproic acid for the control of bleeding in thrombocytopenic patients. Scand. J. Haematol.; 35: 497-500, 1985.
3) Basil, J.M. et als. – Treatment of massive haemoptysis with aminocaproic acid. JAPI; 50(September): 1178-1179, 2002.

Características Farmacológicas


Ácido Épsilon-Aminocapróico contém em sua fórmula o ácido epsilon-aminocapróico, que é um ácido monoaminocarboxílico sintético, análogo da lisina. 

Farmacodinâmica 

A ação antifibrinolítica do ácido epsilon-aminocapróico ocorre, principalmente, por inibição de ativadores do plasminogênio e, em menor grau, também por bloqueio competitivo da plasmina, impedindo a ligação desta com a fibrina. Assim, retarda a fibrinólise e prolonga a eficiência hemostática dos coágulos sanguíneos, controlando o sangramento.

Pelo exposto, observa-se que o ácido épsilon-aminocapróico atua em etapa posterior àquelas envolvidas na cascata de coagulação, não interferindo na mesma ou nos demais parâmetros da coagulação, tais como contagem de plaquetas, tempo de protrombina e tempo parcial de tromboplastina. 

Farmacocinética 

Após a administração endovenosa, é estimado que o volume de distribuição seja de 30.0 ± 8.2 L. O ácido épsilon-aminocapróico é amplamente distribuído no organismo e, após tratamentos prolongados, é encontrado nos compartimentos intra e extravasculares, penetrando nas hemácias e em células de outros tecidos.

A eliminação é predominantemente por excreção renal

65% da dose são eliminados in natura e 11% na forma do seu metabólito ácido adípico, na urina. A depuração renal é aproximadamente semelhante à da creatinina endógena (116 mL/min) e a meia-vida de eliminação é de, aproximadamente, 2 horas.

Doenças relacionadas

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem